O fiasco das manifestações contra a Copa

Faltam 25 dias para o começo da Copa do Mundo 2014. Em 12 de junho, no estádio do Corinthians, em São Paulo, o Brasil enfrenta a Croácia na abertura da Copa.

A direita, com o apoio de setores minoritários e equivocados, faz um enorme esforço para dar um sentido político-eleitoral ao evento e procura encontrar um caminho para dar densidade às manifestações contra a Copa, sem êxito.

As manifestações da última quinta-feira (15), marcadas para ocorrer em várias capitais, dão o tom desse fracasso. O Movimento Contra a Copa conseguiu reunir pouquíssimas pessoas em algumas grandes cidades.

Como se poderia prever, compareceram ativistas encapuzados, com seu cortejo de tumultos, agressões a estabelecimentos comerciais, queima de lixo, quebra de vidraças e impedimento à circulação de ônibus e veículos particulares.

O fracasso daquilo que os organizadores pretenderam batizar com o nome pomposo de Dia Internacional de Lutas contra a Copa é significativo. Os defensores da campanha “Não vai ter Copa” lutam, na verdade, contra o Brasil e estão na contramão do sentimento da quase totalidade dos brasileiros. A realização da Copa do Mundo no país é motivo de orgulho e afirmação nacional. A direita e os desavisados do movimento popular que ela consegue mobilizar agem em oposição direta ao sentimento nacional. Este sentimento é o principal dado da realidade com o qual a direita se confronta.

Quem quer o fracasso da Copa do Mundo no Brasil tenta legitimar seus argumentos mencionando os números do investimento feito. Citando parcialmente e, quase sempre, de má fé. No total, foram investidos R$ 25,6 bilhões em obras ligadas direta ou indiretamente à Copa. Mas não há um centavo do orçamento da União nestes investimentos; o que há são financiamentos do BNDES, contratados nas condições praticadas pelo banco, e que deverão ser pagos pelos tomadores dos empréstimos. E também uso de recursos dos poderes locais (estados e municípios) e da própria iniciativa privada, com obrigações semelhantes para os tomadores.

Estes investimentos não geraram, ao contrário do que alegam os críticos da direita, redução nos investimentos públicos em educação e saúde. Houve sim crescimento, que nunca é referido por aqueles que são acometidos pelo “complexo de vira-latas” na feliz expressão do escritor Nelson Rodrigues.

Serão enormes os ganhos para o país e para os brasileiros, com a realização da Copa, traduzidos em geração de empregos, aumento do número de turistas que visitarão o país e obras de infraestrutura. Também cresce o prestígio internacional do Brasil e dos brasileiros. Além da realização do torneio em si, com todos os valores desportivos e culturais que isto implica.

Os aeroportos estão sendo modernizados e aumentarão em 81% a capacidade de recepção de passageiros nas cidades-sede da Copa. Estão ocorrendo melhorias nas telecomunicações, com o investimento de R$ 404 milhões. O ganho real, que vai afetar a vida de todos os brasileiros, será o acréscimo de quase R$ 30 bilhões ao PIB, diz estimativa feita pelo Ministério do Turismo e pela Fipe. Isto é, quase 1%, considerando o PIB de 2013, que foi de R$ 4,8 trilhões.

São fatos que tranquilizam o governo brasileiro a respeito da grande festa que será a Copa do Mundo. E o movimento contrário é visto com naturalidade. Para o ministro do Esporte, o comunista Aldo Rebelo, as manifestações pacíficas são protegidas por lei e “não representam ameaça de nenhuma forma”; para ele, são “manifestações por reivindicações que acontecem perto da Copa”.

A presidenta Dilma Rousseff fez considerações de ordem prática, durante um jantar com jornalistas: “Nós podemos dizer, em alto e bom som: o legado da Copa é nosso. Porque ninguém que vem aqui assistir à Copa leva consigo na sua mala aeroportos, portos, obras de mobilidade urbana, nem tampouco estádios”. Mas vão levar, e isto é certo, “a garantia de que este é um país alegre e hospitaleiro (…) aeroportos ficam para nós, obras de mobilidade ficam para nós, estádios ficam pra nós, esta é a questão central dessa Copa e finalmente a última é que faremos sem sombra de dúvida a Copa das Copas”, disse.

O fracasso da direita em relação à Copa do Mundo pode prenunciar sua derrota eleitoral em outubro, quando o Brasil escolherá o presidente da República para o período de 2015 a 2018. Tem razão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando afirma que a realização da Copa do Mundo no Brasil se transformou em “objeto de feroz luta política eleitoral” e, na medida em “que se aproxima a eleição presidencial de outubro, os ataques ao evento tornam-se cada vez mais sectários e irracionais”.