Reduzir jornada sim, salários não
Trabalhadores e patrões de todo o mundo, uni-vos para combater a crise econômica! Esse é um dos vaticínios do empresariado […]
Publicado 09/01/2009 11:23
Trabalhadores e patrões de todo o mundo, uni-vos para combater a crise econômica! Esse é um dos vaticínios do empresariado para evitar mais perdas diante dos efeitos devastadores da crise em curso, ou melhor, para evitar as suas perdas, essencialmente.
Daí pipocarem, desde o final de 2008, propostas patronais que, com o argumento de impedir demissões e evitar uma onda de desemprego, atacam os direitos dos trabalhadores.
Nesta semana, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, declarou que para combater o desemprego a única saída é a redução da jornada de trabalho em 20%, com a respectiva redução de salários.
A proposta de Paulo Skaf reconhece, implicitamente, aquilo que os trabalhadores vêm repetindo há muito tempo: a redução da jornada de trabalho pode criar novos empregos.
A redução da jornada de trabalho é uma bandeira das mais importantes do movimento sindical. Assenta-se em estudos profundos das alterações produzidas nos últimos anos no mercado de trabalho com o advento da introdução de novas tecnologias, a alteração no perfil de produtividade das empresas, o peso relativo dos diversos setores na economia, do número de empregados, desempregados, na oferta de postos de trabalho.
Estes estudos mostram que a redução da jornada de trabalho é uma luta dos trabalhadores que vai beneficiar toda a sociedade e resultar numa aceleração da economia, com inclusão de milhares de informais e excluídos na economia formal. E vai além, mostra que a redução não só pode, como deve ser feita com a manutenção do salário.
Os níveis salariais do Brasil são baixos. Assim, reduzir salários significaria retração no consumo, que não seria compensada pelo ingresso de novos trabalhadores na economia formal.
A luta pela manutenção do emprego não pode ser pretexto para redução nos salários, e o remédio proposto pelo presidente da Fiesp para a crise – redução da jornada com redução dos salários – seria um veneno para a economia nacional. Retração no consumo tem impacto negativo na produção e no final redução do contingente de trabalhadores e com isso mais desemprego.
A redução da jornada de trabalho é uma luta que está mais do que nunca na ordem do dia! Trazer o empresariado para apoiar essa bandeira é fundamental! Mas os trabalhadores não vão se deixar levar por propostas de ocasião. A manutenção do salário é parte indissociável dessa luta dos trabalhadores! Reduzir a jornada sim! Salários Não!.