Um pronunciamento enérgico e amplo do PCdoB

Frente ampla. Essa foi a tônica das comemorações dos 97 anos de atividades ininterruptas do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), completados neste 25 de março. Os pronunciamentos nos eventos pelo país afora deram ênfase à ideia de que, mais uma vez nessa história que atravessa quase um século, os comunistas encaram a realidade concreta do Brasil — e do mundo — como sendo de tempos de retrocessos civilizatórios em larga escala, o que exige respostas firmes e consequentes. Está à vista, como tarefa de primeiro plano, o combate à nefasta proposta de “reforma” da Previdência Social de Bolsonaro e Paulo Guedes.

Em situações assim, sabe o PCdoB por sua experiência, o olhar no futuro define os passos a serem dados no presente. Há no horizonte sérias ameaças ao que se conquistou no caminhar do processo histórico que formou o arcabouço dos direitos básicos da civilização, resultado de arquiteturas políticas ajustadas às condições de cada momento. Para enfrentá-las, como aconteceu em outros tempos, o determinante é somar forças, alinhar num movimento democrático e heterogêneo todos os que compreendem as consequências dessas ameaças.

No Brasil em que está em marcha o projeto que ataca a democracia, a soberania nacional e os direitos do povo, pesa sobre os ombros dos democratas e patriotas uma enorme responsabilidade. Somente com acúmulo de forças, com discernimento sobre cada passo a ser dado, pode-se buscar resposta à essa ofensiva obscurantista e autoritária. Essa é a compreensão do PCdoB, conforme seus pronunciamentos nas comemorações do 25 de março.

Uma ação política dessa envergadura exige, obviamente, desprendimento para um movimento que seja capaz de formular a resistência e impor derrotas ao projeto de destruição dos princípios soberanos e democráticos do país, alicerçados por epopeias como a Independência, a Abolição, a República, a Revolução de 1930 e as constituições de 1946 e 1988.

O PCdoB, nesse lapso de 97 anos, viu desfilar grandes acontecimentos e, como protagonista da história, interagiu com eles de forma ativa. Nasceu, em 1922, no bojo de um turbilhão que acabara de causar a maior tragédia da história da humanidade até então, a Primeira Guerra Mundial, e preparava outra catástrofe ainda maior, a Segunda Guerra Mundial. Nesse entreguerras, teve como ponto alto na sua atuação o combate ao nazi-fascismo, sempre com a compreensão de que a defesa da nação e do seu povo é a razão da existência de uma organização política consequente.

Essa convicção, com erros circunstanciais e acertos estratégicos, credenciou o Partido para a união dos democratas e patriotas que lutaram pela Assembleia Nacional Constituinte de 1946, enfrentaram o governo autoritário do general Eurico Gaspar Dutra, eleito em 1945, e, mesmo na ilegalidade, deu valorosas contribuições para o processo democrático que irrompeu com o fim da ditadura do Estado Novo. Quando caiu a noite de terror do golpe militar de 1964, mais uma vez o PCdoB enfrentou as adversidades com o seu vigor político e ideológico.

Suas bandeiras tremularam com destaque na grande marcha que enterrou a ditadura militar e na resistência ao projeto neoliberal. E chegou ao ciclo de governos democráticos e progressistas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff como força política protagonista naquele processo que resgatou os ideais dos saltos civilizatórios do povo brasileiro.

Agora, com o retrocesso imposto pela marcha golpista e pelo avanço da extrema direita, esse repertório está a serviço da necessidade de se erguer barreiras consistentes para conter a destruição das bases patrióticas, democráticas e sociais duramente conquistadas. Como em outras circunstâncias, a realidade atual impõe a necessidade de ampla unidade para isolar e derrotar as vias do autoritarismo, de viés fascista. Essa foi a essência dos pronunciamentos do PCdoB nos seus 97 anos de lutas.