União de forças para salvar o país da tragédia bolsonarista

Marcelo Queiroga (Foto: Fábio Rodrigue Pozzebom/Agência Brasil)

Durante a última semana, o Brasil teve um ministro da saúde demissionário, que demorou para sair, e um indicado, que acaba de assumir. Neste período de demorada troca de ministros, a pandemia de Covid-19 atingiu no Brasil o momento mais grave e dramático, com seguidos recordes de mortes. Enquanto isso, o presidente da República, Jair Bolsonaro, seguiu confrontando as medidas adotadas por governadores e prefeitos – que não tinham com quem tratar pela falta de um gestor no ministério –, inclusive com ação na Justiça.

Diante desta irresponsabilidade bolsnarista, gestores públicos e organizações da sociedade convergem em busca de alternativas para salvar vidas e a economia nacional. São exemplos disso as iniciativas dos consórcios de governadores e prefeitos e a carta dos economistas e empresários por medidas contra a pandemia, que já supera a marca de 1.500 assinaturas. Há ainda a mobilização das centrais sindicais e organizações do movimento social, convocada para esta quarta-feira (24).

O país reage a uma situação trágica, com o número de mortos chegando à casa dos 300 mil, sem perspectiva, pela lógica bolsonarista, de reversão nessa tendência genocida. Com essa constatação, impõe-se a ampliação das ações que podem indicar um novo rumo para o país. Não resta dúvida entre os setores da sociedade com alguma sensatez de que algo precisa ser feito, com urgência urgentíssima, para evitar que essa insanidade prossiga provocando mortes, sofrimentos e destruição.

A gravidade da situação pode ser medida, além da indiferença diante de tanto sofrimento para o povo, pelo incentivo de Bolsonaro e sua laia para que os mais pobres se exponham sistematicamente à contaminação com o sofisma de que é preciso “buscar o pão de cada dia”. Além da ignorância obscurantista dessa imposição, há a lógica de que cabe aos trabalhadores, sobretudo, manter a economia do país funcionando a serviço de todos, com toda carga de injustiça existente nesse modelo de produção e distribuição de renda.

Há ainda a ladainha do orçamento apertado, sem margem para ações de socorro tanto às pessoas quanto à economia de modo geral. Essa falácia decorre da tese de que existem dois mundos – um onde vive o povo e outro onde impera a farra financeira. Para sustentar o segundo, o primeiro deve se lançar na busca do “pão de cada dia”. Aparece, nessa constatação, a perversidade de um governo que combina obscurantismo, autoritarismo e indiferença com a vida da imensa maioria da população.

Trata-se de uma combinação explosiva para a vida e para a economia. A lógica e a ciência dizem que para retomar a economia a primeira medida é a proteção à vida. Toda a institucionalidade do país e todas as forças devem estar mobilizadas para essa premissa – exatamente o oposto do que faz o governo Bolsonaro. E isso impõe, também, a compreensão de que todos os que estão no campo de oposição ao bolsonarismo precisam de união para reunir forças suficientes para salvar o país e o povo dessa tragédia que vai ganhando dimensões imponderáveis.