Sem categoria

Antonio Carlos Affonso dos Santos: Matutano

*

Ah, muié! Nóis tinha tanto amô


E fumo brigá desse jeito!


Acabamo por separá!!!


-O que foi que desandô?


Ocê num mi qué mais;


Si ocê num me qué,


Eu tamén num quero!


Tudo si acabô, sim sinhô


 


 


E foi anssim que aconteceu;


Agora samo moderno


Nóis vai fazê de conta


Que samo gente da cidade


Nóis fiquemo anssim  mudo


As criança óia pra nóis


I num intendi nada


Mai nóis intendi tudo


Nóis que prometemo


Ficá dijunto inté a morte


Si separamo:


Ocê foi lá pro sur,


E eu fui pro norte!


As criança ficô co´a vó


Nóis achava que anssim é mió


Jurei préla que num quero


Vê ela, ném prum espêio


Ela disse que eu tamém


“Vô ficá pra escanteio”


Eu disse que ela é gorda


Ela disse que eu sô feio


Eu disse intão  préla sumí


Que o Brasir é grande demais


Ela disse que nem por dinhêro


Si dispunha a vortá atrais


Ela deu um saluço


E eu maomeno tamén


Deitei cabelo na estrada


Ela pegô um trem….


 


 


Mai, onti nóis se encontremo


Lá drento da sacristia


Na igreja de São José


I aos pé da Virge Maria


Ela é muié de respeito


Eu sô home de muita fé


Lá nóis se viu e choremo


Na frente do Deus menino


Se beijemo,  tocô o sino


Prumeno acho que tocô


 


 


Ela tremia até as perna


Fui pra riba dela cum fogo


Fogo que num se acabô


Demo tanto bêjo gostoso


Bêjo cheio de amô


Ela me deu um abraço


Pertado; quase caí….


Nóis falemo das criança:


-Nóis qué elas dijuntinho


Não lá na casa da vó


Mais lá, no nosso ranchinho.


Eu disse préla : o Brasir é grande


Mais, maió é nosso amo!


I ela me disse chorano:


O Brasir póde sê grande


Mais nóis ele num separô


Nóis samo um casár de bobo:


Queremo é casá de novo


Cum fé em Deus, e paiz na guia


Vortemo a sê namorado


Aos pé da Virgem Maria


Prometemo a São José


O protetô das famía


-Nóis prefere inté morrê


Do que se apartá um dia.