Campesinas

.

Marcha permanente, intermitente

dessas mulheres valentes

pelas ruas, praças e campos abertos.

Marcha constante em alerta –

marchas por vezes mortas,

mas que não matam os sonhos

das mulheres que professam a fé no futuro

dos filhos, do  a b c que soletram

diariamente, diuturnamente.


Quem são estas mulheres que marcham?

Campesinas que carregam nos ombros a enxada,

o xale, o filho, a dignidade.

Marcham e carregam, como formigas concisas,

as folhas, os gravetos, os sonhos

e espalham-se em busca

do farto plantio, da colheita dourada.

Obstinadas campesinas seguem adiante

no fronte onde martelam a violência

que no caminho as persegue.

Com a fronte erguida encaram o fuzil,

vidas amargas, mas não esmorecem.

São campesinas de longas estradas

buscando o forte para o justo abrigo

da semente, do fruto, do fruto do ventre.


São campesinas que marcham

ao lado dos homens, das mulheres guerreiras,

dos filhos, dos velhos e irmãos

em busca do forte onde germinarão

as sementes e o amor.

São viçosas flores que despontam do rude labor.

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