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Carolina Maria de Jesus, a vida do povo em voz própria

Os 60 anos da publicação de Quarto de Despejo, um relato da vida do povo pobre

Trechos do primeiro e mais famoso livro de Carolina Maria de Jesus,  Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada, foram publicados inicialmente na revista O Cruzeiro, em 1958, em reportagem onde Audálio Dantas revelou ao mundo esta escritora extraordinária.

Em 1960, foi publicado o livro que logo se transformou num best-seller brasileiro e mundial – a tiragem inicial foi de 10 mil exemplares e se esgotou em uma semana. Desde então, vendeu mais de um milhão de exemplares, tendo sido traduzido para 14 idiomas e publicado em 40 países.

Um sucesso mundial para uma escritora negra, de origem humilde, moradora da favela do Canindé, em São Paulo, e que ganhava a vida como empregada doméstica e catadora de papelão e outros materiais.

Nascida em Sacramento (MG), em 1914, frequentou a escola formal até o 2º ano do curso primário e, desde muito menina, gostava de ler e escrever. Menina pobre, lia o que dava e estava a seu alcance. Tinha 23 anos quando a mãe morreu. Mudou-se então para São Paulo, onde trabalhou como doméstica. Dez anos depois, fixou-se na favela do Canindé. Ela registrava, em cadernos manuscritos, seu cotidiano de trabalhadora, favelada, mãe solteira.

Em um desses cadernos estava o original do livro que a tornaria famosa – Quarto de Despejo –, descoberto por Audálio Dantas quando fazia uma reportagem sobre as favelas em São Paulo. Trata-se do registro sensível, em linguagem direta e clara, dos problemas, sonhos e ansiedades que fazem parte da vida do povo.

É uma grande obra literária que rompe todos os preconceitos, de raça e de classe, vividos e enfrentados pela autora: é voz própria da vida e do cotidiano dessa mulher negra e pobre e sua luta por uma sobrevivência digna.

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