Esta foto circulou o mundo durante os anos 80. O fotógrafo Orlando Valenzuela capturou a imagem num campo de batalha da resistência sandinista na Nicarágua. A mulher com um sorriso no rosto, que amamenta um bebê e carrega um fuzil nas costas ficou conhecida como a “Miliciana de Waswalito”. Ela simbolizou a luta do povo nicaraguense contra a ditadura de Anastasio Somoza Debayle e hoje inspira mulheres mundo a fora que lutam pelo direito a amamentar sem censura.
Por Mariana Serafini
Publicado 22/07/2016 18:37 | Editado 13/12/2019 03:29
Depois do triunfo da Frente Sandinista de Revolução Nacional que instaurou um governo por mais de dez anos, a mulher chamada Blanca López – ícone da Campanha Mundial de Solidariedade com a Nicaracágua – voltou à “vida normal” de militante progressista e trabalhadora do campo. Com o trabalho árduo da lavoura, criou o bebê que carregava nos braços durante a foto, Antonio López, e mais 14 filhos.
Antonio teve um destino diferente da mãe, com a o apoio da família e dedicação de Blanca conseguiu terminar os estudos no colégio e se graduar como Administrador de Empresas aos 27 anos.
Anos depois do triunfo da revolução, em 2010, uma equipe de reportagens procurou pelos dois e os encontrou no em Siuna, uma cidade no interior da Nicarágua, há 318km da capital Manágua. A notícia despertou o interesse da população local e uma empresa se solidarizou com a família, doou uma casa no campo e um terreno para o desenvolvimento de agricultura familiar.
Apesar da vida dura no campo, o sorriso no rosto de Blanca continua o mesmo e aquela imagem, capturada durante a guerrilha, não inspirou apenas a luta dos povos do mundo pela liberdade e soberania no século passado. Hoje a foto é usada constantemente em campanhas em defesa da amamentação sem censura.
No mundo todo, mulheres se inspiram na coragem e na ousadia de Blanca, que amamentou o filho no campo de batalha, descansando o fuzil no ombro, para lutar pelo direito de amamentar em lugares públicos.
A censura da amamentação em público é uma das causas contemporâneas mais absurdas, trata-se, em resumo, de proibir que mães alimentem seus filhos. Quando Blanca empunhou um fuzil para derrubar a ditadura sanguinária de seu país, certamente não imaginou que quase 40 anos depois iria inspirar uma nova batalha contra tamanha censura.
