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Fernando Pessoa: Nevoeiro

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Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baça da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.


 


Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro…


 


É a Hora


 


Valete, Fratres
Mensagem Fernando Pessoa
Editora FTD, 1992