Quis reunir as miudezas que garimpei desse primeiro momento de isolamento social, para medir o tamanho de certos achados; ou daquilo que eu pensava desimportante
Publicado 01/04/2020 20:08 | Editado 01/04/2020 20:25
Há pouco mais de uma semana, no último dia 20 de março, a pandemia causada pelo novo coronavírus (revelado, em dezembro de 2019, na China) impôs o isolamento social na cidade onde eu moro (Fortaleza, Capital do Ceará, no Nordeste brasileiro). Desde então, foi preciso adaptar o trabalho em casa e, igualmente, a convivência com as horas do confinamento. E isso tem significado, para mim, estar com as horas que passam: me demorar com minha mãe que envelheceu, encarar as solidões (minhas, dos meus próximos e da humanidade que as notícias me trazem), me encontrar com os pensamentos que eu evitei, remexer nos entulhos das gavetas onde – inutilmente – acumulei passados, limpar o que precisa ser limpo, perdoar o que ainda precisa ser amado, recompor morada e alma, descobrir os meios que a vida tem de viver.
Dessa convivência inevitável e complexa, ganho o saldo de um particular inventário das horas, que reúno aqui. Originalmente, publiquei os posts (a que chamo “cotidiano-postal”) na conta do blog no Instagram (@anadossuspiros). Mas quis reunir as miudezas que garimpei desse primeiro momento de isolamento social, para medir o tamanho de certos achados; ou daquilo que eu pensava desimportante.
Já experimentei, vida afora que tudo passa; de uns anos para cá, atravesso: não é em vão passar por tudo. Sigo, então, o curso da vida – rio que deságua no mar que também sou -, mas segurando forte o leme ou o remo (embarcações e forças variam de acordo com as águas do tempo) e não descuido de ver as paisagens. Hoje escrevi a uma amiga-irmã: já estou mais conformada (ou melhor, serena) sobre muitas coisas, em saber que a vida não segue uma linha reta, que existem altos e baixos, pedras, curvas e abismos. Mas também que existem pontes e boas safras. Chegadas, partidas e chegadas.
Então, por estes dias, tenho navegado e aportado nas alternâncias dos minutos e dos turnos, entre manhãs, tardes e noites. E tem sido mais ou menos assim:
Fonte: Blog Ana dos Suspiros