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Rilke: A Pantera

*

(No Jardin des Plantes, Paris)


 


De tanto olhar as grades seu olhar
esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
grades, apenas grades para olhar.


 


A onda andante e flexível do seu vulto
em círculos concêntricos decresce,
dança de força em torno a um ponto oculto
no qual um grande impulso se arrefece.


 


De vez em quando o fecho da pupila
se abre em silêncio. Uma imagem, então,
na tensa paz dos músculos se instila
para morrer no coração.


 



Augusto de Campos
Rilke: Poesia-Coisa
Imago Editora – edição 1994