Viva Gilberto Gil

O gigante ao mesmo tempo tão imenso e tão gentil Gilberto Gil

Tem uns discos que eu até evito um pouco ouvir toda hora porque são daqueles que ao mesmo tempo inspiram e intimidam, sabe? Você não sabe bem se dá vontade de tentar fazer igual ou de desistir logo porque não tem como.

O pior de todos é o Expresso 2222. Sério, vai ouvir aquele arranjo de O Canto da Ema e me fala se alguém fez coisa melhor de lá pra cá. Não tem. E esse disco tá pra fazer cinquenta anos. Aliás, só naquele mesmo ano mágico de 1972 tem mais uns quatro ou cinco discos, no mínimo, que são desses: numa tacada só te fazem músico e músico frustrado.

Porque fazendo música no Brasil você certamente está nos ombros de gigantes, mas ô dificuldade pra sair da sombra deles! Deve ser bem mais fácil ser compositor popular sei lá, na Lituânia. Mas deve ser menos divertido também. Afinal, até onde eu sei lá eles não têm um gigante ao mesmo tempo tão imenso e tão gentil quanto Gilberto Gil.

Àquela pergunta clássica, Chico ou Caetano, fui por muito tempo daqueles que respondiam Gil. Hoje respondo os três, e Tom Zé, e Jards, e Gal, e Milton, todos juntos, bem e vivos, sorte a nossa. Sorte a nossa ainda ter por aqui essa geração que às vezes a gente acha que “ah mas é muito romantizada e a gente precisa superar e não sei o que” mas aí você bota um Refazenda pra tocar e meu amigo, convenhamos, cá entre nós, tem motivo.

Viva a canção brasileira, essa imensa bruxaria, essa benção e maldição pra quem decide trilhar seus caminhos, e viva um de seus alquimistas maiores: Gilberto Gil!

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