Quércia é candidato em SP, Serra terá chapa pura

O ex-governador Orestes Quércia, presidente do PMDB-SP, lançou-se ontem (21) na disputa do governo paulista. "Já mandei fazer faixas para a convenção de sábado e convoquei reunião da equipe de campanha para am

O PMDB paulista, assim como o nacional, vinha sendo intensamente cortejado como aliado, tanto pelos tucanos como pelo PT do senador Aloizio Mercadante (escolhido para disputar o Palácio dos Bandeirantes nas prévias petistas de 7 de maio). Para Mercadante, porém, a candidatura  de Quércia é melhor que uma coalizão, pois é mais eficiente para quebrar o favoritismo de Serra e forçar um segundo turno.

Os tucanos paulistas ofereceram ao PMDB a vice de Serra na tentativa de fechar uma coalizão que teria repercussões nacionais. Quércia manteve as conversações abertas, fez acenos de interesse, porém colocou o seu próprio nome para vice, alternativa inaceitável para o PSDB. 


Jogo de cena quercista?


Observadores atentos da cena política paulista acreditam que tudo não passou de jogo de cena do ex-governador, adversário histórico dos tucanos e apoiador de Lula em 2002.


Enquanto Quércia ganhava tempo, a alternativa da reeleição subia nas pesquisas, a do tucano Geraldo Alckmin decrescia, o PMDB nacional desistia da candidatura própria para presidente, o colapso da segurança pública desgastava o governo estadual. Ontem, findas as negociações, crescia a hipótese de uma chapa puro-sangue do PSDB para o governo, indesejável para um candidato em queda nas pesquisas.


Na última sondagem do instituto Datafolha em São Paulo (coletada em 23 e 24 de maio), Serra apareceu em um confortável primeiro lugar, com 52% das preferências (64% dos votos válidos), mas caiu 7 pontos em relação à pesquisa anterior, no início de abril. Mercadante tinha 15% (ganhou um ponto) e Quércia 9% (perdeu 3).


“Sou um lutador do PMDB”


A forma como se deu o encerramento também forneceu a Quércia o discurso para se lançar como candidato. “Fiz uma reflexão, sou um lutador do partido, que já tinha uma divisão nacional e que agora vai se unir em São Paulo. Agora serei obrigado a ganhar dele (Serra)”, ironizou Quércia. “Tenho essa obrigação com o partido”, agregou.

"Não é possível que o PMDB seja tratado com desdém. Sei que não será fácil. Mas quase 100% que sou candidato. Já mandei até fazer faixa", disse ainda o ex-governador.

Quércia reune-se hoje com o deputado Michel Temer (SP), presidente nacional do PMDB, um nome lembrado para compor a chapa peemedebista como vice. Temer era também o nome dos tucanos paulistas para integrar a chapa tucana no Estado. Segundo O Estado de S. Paulo, ele já confidenciou a amigos que gostaria muito dessa alternativa, mas adiantou que não pretende se indispor com Quércia.


Serra deve decidir sozinho


Sem chances de um vice do PMDB, o comando tucano tende a deixar nas mãos do próprio Serra a escolha do seu vice. “O quadro atual empurra o PSDB para uma chapa pura. E pode ser que o próprio Serra indique o nome para vice”, disse um dirigente tucano que não quis se identificar,  para o jornal O Globo.


O ex-prefeito de São Paulo tem falado em cinco tucanos para compor sua chapa: os deputados federais Arnaldo Madeira, Alberto Goldman, Mendes Thame e Xico Graziano; e o ex-ministro da Educação de Fernando henrique, Paulo Renato Souza.

A vantagem da chapa-pura, para Serra, é que no caso de vitória fica mais fácil deixar o Palácio dos Bandeirantes, em 2010, para concorrer à Presidência. A desvantagem é que fica mais difícil ganhar. E que a candidatura de Lula à Presidência ganha um segundo palanque em São Paulo.

Com agências