Relatório da ONU culpa “humanidade” por aquecimento global

O relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU), que deve ser revelado nesta sexta-feira (2/2) em Paris, culpa a ação do homem pelo aquecimento global e prevê um cenário de catást

Durante toda a semana, mais de 500 cientistas e representantes governamentais se reuniram a portas fechadas na sede da Unesco, em Paris, para concluir e aprovar o texto sobre as constatações científicas em relação ao aquecimento global.


 


As conclusões estavam sendo bastante esperadas porque servirão como referência para toda a comunidade científica mundial. O texto foi discutido linha por linha pelos participantes da reunião em Paris.


 


''Concentrações de dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso aumentaram notavelmente como resultado das atividades humanas desde 1750, e agora excedem, em muito, os valores (anteriores)'', diz o relatório.


 


''Os aumentos globais na concentração de dióxido de carbono se devem, sobretudo, ao uso de combustíveis fósseis e mudanças no manejo da terra, enquanto o aumento de metano e óxido nitroso se deve primordialmente à agricultura''.


 


As conclusões estão descritas no ''Resumo para os Formuladores de Políticas'', que integra a primeira parte do relatório ''Mudanças Climáticas 2007''.


 


O documento diz que, até o fim deste século, a temperatura da Terra pode subir de 1,8ºC – na melhor das hipóteses – até 4ºC.


 


O degelo das camadas polares deve fazer com que os oceanos se elevem entre 18 cm e 58 cm até 2100, dizem os cientistas. Além disso, tufões e secas devem se tornar mais intensos.


 


Os especialistas debateram, por exemplo, a terminologia para designar o grau de responsabilidade da ação humana no aquecimento global.


 


Alguns preferiam utilizar o termo ''inequívoca'', outros preferiam a expressão ''além de qualquer dúvida razoável''.


 


Ao final, os cientistas concluíram que há 90% de chance de o aquecimento global observado nos últimos 50 anos ter sido causado pela atividade humana.


 


É um aumento expressivo em relação ao último relatório, de 2001, que apontava uma probabilidade de 66%.


 


O co-presidente do IPCC, Achim Steiner, disse que o documento ''acaba com as interrogações'' em relação à ação do homem no aquecimento global.


 


O presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, disse esperar ''que este relatório deixe as pessoas chocadas e leve os governos a agirem com mais seriedade''.


 


Este é o quarto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente para avaliar as informações científicas e sócio-econômicas sobre o aquecimento global.


 


O relatório anterior, de 1995, serviu de base para a elaboração do Protocolo de Quioto, que dois anos depois impôs aos países desenvolvidos uma meta de reduzir em 5,2% as emissões de gases de efeito estufa até 2012.


 


Prevê-se que o quarto relatório do IPCC sirva como referência para o ''pós-Quioto'', ou seja, para o compromisso dos países após 2012, quando expira o atual protocolo.


 


O tema será um dos assuntos centrais da reunião da ONU em Bali, na Indonésia, em dezembro próximo.


 


O texto integral do quarto relatório ''Mudanças Climáticas 2007'' totalizará cerca de 900 páginas e será divulgado por partes até novembro deste ano.


 


Ainda serão divulgados estudos sobre o impacto das mudanças climáticas e sobre as formas de controle das emissões de gases de efeito estufa.