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União entre PCs é 'chave para a vitória', diz dirigente

Zé ReinaldoA uma semana da realização do 10º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários – dias 21 a 23, em São Paulo – José Reinaldo Carvalho, secretário de Relações Internacionais do partido anfitrião, o PCdoB, fala sobre a importância do evento diante do atual quadro mundial, marcado pela crise do capitalismo. Neste contexto, ganha especial relevância a análise crítica dos comunistas. “Os partidos têm denunciado o capitalismo e a burguesia monopolista e chamado os trabalhadores à luta”, disse.

Carvalho aposta na unidade
O encontro, dirigido apenas aos convidados, é o primeiro realizado no continente e deverá ter a presença de mais de 70 partidos. Para o público em geral, o PCdoB organizou um ato em solidariedade à América Latina, marcado para às 18h do dia 22, no centro de São Paulo (saiba mais). “Esta será uma forma de proporcionarmos maior integração entre os partidos convidados e deles com a nossa militância e com nosso povo”, explicou Carvalho. Para ele, “é na unidade dos partidos e das massas que está a chave da vitória do nosso movimento”.

Além de pronunciamentos, o evento terá uma apresentação de MPB. “Será principalmente uma ocasião para que os partidos expressem seu apoio às mudanças políticas em curso na América Latina, mudanças estas que têm impulsionado os povos a lutar por transformações estruturais em seus países”, argumenta. O evento revela sua amplitude, diz o dirigente, “ao reunir também figuras do mundo cultural e acadêmico e os partidos que compõem a grande coalizão da base do governo Lula”, como PT, PSB e PDT. Os organizadores esperam reunir a militância do PCdoB inclusive de outros estados que deve se deslocar para prestigiar o ato. Está sendo aguardada também a presença de forças antiimperialistas da América Latina.

Laboratório político
O fato de a décima edição do encontro estar acontecendo em território latino-americano abre uma nova perspectiva para os partidos comunistas. “As organizações se pronunciarão coletivamente sobre o novo cenário político da região e em solidariedade aos povos que lutam pelo aprofundamento da democracia, a independência nacional e as transformações sociais”.

Carvalho destacou ainda que “temos observado que há uma crescente compreensão por parte dos partidos de todos os continentes sobre a diversidade dos processos políticos e sociais em curso na América Latina e sobre a riqueza dessas experiências, assim como a variedade dos ritmos com que se fazem as mudanças políticas e sociais”.

Os partidos que atuam na região, lembra Carvalho, “mantêm a perspectiva universal do socialismo, orientam-se pelos princípios gerais do marxismo-leninismo percorrendo, ao mesmo tempo, caminhos originais em sua luta porquanto a experiência histórica mostrou que não há modelo único de socialismo”. Segundo o secretário, “vai ficando claro que a América Latina é ‘um mega-laboratório político’”.

Influência dos PCs
A realização do 10º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários chama a atenção por reunir organizações de diversos países para debater a ação conjugada entre todos em prol da construção da via socialista. Especialmente neste ano, o evento se reveste de significado especial. Afinal, dezenas de partidos irão debater a conjuntura mundial com um olhar especial para a crise do capitalismo. Segundo o dirigente, “o PCdoB tem sido procurado por várias forças nacionais e internacionais interessadas em saber mais sobre o encontro e conhecer a posição dos partidos comunistas neste momento de turbulência”. As conclusões, avalia Carvalho, “certamente são aguardadas tanto pelos que apóiam quanto pelos que se opõem aos comunistas. O fato é que não se pode ignorar a influência que os partidos comunistas têm”.

José Reinaldo Carvalho destacou que as contribuições de cada um dos delegados para o debate sobre o atual cenário “criarão uma base para que o encontro aprove documento consensual que expresse a opinião dos comunistas sobre a crise”. De maneira geral, salientou, “esses partidos têm se pronunciado sobre a gravidade da crise com foco na condenação à atitude da maioria dos governos conservadores de jogar os efeitos da crise sobre os ombros dos trabalhadores e dos países pobres, bem como a tendência desses governos de intensificar políticas opressivas e espoliadoras contra os interesses dos povos”.

O dirigente explicou ainda que “ao denunciar o capitalismo e a burguesia monopolista e ao chamar os trabalhadores à luta”, os partidos estão contribuindo de maneira decisiva para uma real mudança nos rumos internacionais.

Na avaliação do dirigente, que vai ao encontro do que tem sido discutido entre partidos comunistas de todo o mundo, “esta não é apenas uma crise financeira; é mais uma manifestação de crise estrutural do sistema capitalista”. De acordo com Carvalho “não haverá saída nos marcos do próprio sistema, daí a importância da união entre partidos comunistas e forças aliadas na busca pela construção de novas alternativas que levem ao socialismo”.

Aspectos da crise
Um dos aspectos da atual conjuntura é a demonstração do fracasso das receitas neoliberais. “A abertura dos mercados, a desregulamentação financeira, as privatizações, a alienação do papel do Estado como indutor do desenvolvimento, a busca desenfreada do lucro máximo através da superexploração dos trabalhadores e o saque das riquezas nacionais, enfim, todo esse arcabouço ideológico caiu por terra”.

Diante da atual conjuntura, Carvalho aponta “duas tendências malsãs”: uma vinda da burguesia monopolista e outra da social-democracia. “A burguesia monopolista e os países imperialistas estão adotando como ‘solução’ para a crise o uso indiscriminado de recursos públicos para salvar bancos e empresas da bancarrota e, para isso, aprovaram pacotes econômicos de gigantescas somas numa operação coordenada visando a salvar o sistema”. Tais operações, destaca o dirigente comunista, “são apresentadas como algo virtuoso, como se fosse um resgate do Estado como ‘agente do interesse público’. Nada mais falso. O que de fato está em curso é uma ação do capitalismo monopolista estatal, instrumento da oligarquia financeira e do sistema imperialista”.

Já a social-democracia, diz, “começa a difundir a ilusão de que a ‘regulação’ do mercado e um novo ‘multilateralismo financeiro’ seriam suficientes para debelar a crise”.

Nesse cenário internacional de crise do capitalismo e de conflitos políticos e sociais, enfatiza, “fica patente que é imprescindível o papel político, organizativo e social dos partidos comunistas. Estamos convictos de que o 10º Encontro será uma contribuição nesse sentido, assim como será um chamamento à necessidade de ação entre esses partidos e deles com amplas forças progressistas e antiimperialistas”.

De São Paulo,
Priscila Lobregatte