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CPT acusa agronegócio de ser responsável pela violência no campo

Boa parte do PIB (Produto Interno Bruto) – soma de todas as riquezas produzidas no País – é obtido não só com o suor, mas com o sangue dos trabalhadores. O sangue e o suor dos trabalhadores é exportado em alta escala, afirma Dirceu Luiz Fumagalli, coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que acusa o setor econômico exportador de ser responsável pela violência no campo.

Em entrevista à Agência Brasil, Dirceu disse que os setores econômicos de produção de celulose, minério de ferro, carne, açúcar e etanol se baseiam em um modelo produtivo que gera exploração da mão de obra, expulsão de trabalhadores do campo e degradação ambiental. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, só no mês passado esses setores exportaram mais de US$2 bilhões.

O modelo é o de grande extensões de terra e monocultivo para exportar. É o mesmo modelo agrário desde as sesmarias, diz ele, em referência à forma de ocupação de terras e de produção iniciada pelos portugueses no período colonial, ainda no século 16. Mesmo sob o Estado dito democrático, não democratizamos o acesso à terra, afirma o coordenador, lembrando especialmente a manutenção de latifúndios agora voltados para o agronegócio.

A CPT divulgou relatório sobre os conflitos no campo nos seis primeiros meses de 2009. Segundo a comissão, o número de conflitos por terra, água e direitos trabalhistas (366, envolvendo mais de 193 mil pessoas) apresentou queda de 46% na comparação com o mesmo período do ano passado, mas a violência aumentou proporcionalmente.

De acordo com Dirceu Fumagalli, em cada 57 famílias de trabalhadores rurais uma foi despejada (a média do primeiro semestre do ano passado foi de 1 despejo a cada 70 famílias). "Quando o capital não expulsa, o Estado despeja", afirma.

Pará é o mais violento

O número de assassinatos também aumentou. Entre janeiro e junho deste ano, uma pessoa foi morta a cada 160 envolvidas em conflito (a média do mesmo período em 2008 foi de uma pessoa assassinada a cada 230). O número de pessoas envolvidas em conflitos saltou de 445 pessoas no ano passado para 528 este ano.

O coordenador da CPT chama a atenção para o fato de que casos de conflito, exploração da mão de obra e degradação ambiental ocorreram em todo o território nacional, inclusive nos ditos estados ricos do Sul e Sudeste. Segundo o coordenador, o Pará manteve a liderança histórica em conflitos. O Pará é um dos estados mais violentos por causa da luta pela terra, pela água e pelos minérios.

A Comissão Pastoral da Terra prepara a publicação de um atlas sobre conflitos no campo com dados desde 1985, quando iniciou o acompanhamento dos incidentes.

Fonte: Agência Brasil