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EUA querem evitar retaliações sem mudar política de subsídio

As retaliações do Brasil contra os EUA em função dos subsídios ilegais concedidas por Washington aos produtores de algodão começam a valer na próxima 4ª feira (7). O governo brasileiro deixou as portas abertas a uma solução negociada do conflito comercial. Os norte-americanos querem o adiamento das medidas, mas até não ofereceram nada de concreto em troca.

Por esta razão, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta segunda-feira (5) que ainda aguarda um posicionamento "mais concreto" dos Estados Unidos. Segundo o decreto do governo que definiu e disciplinou a retaliação, as sobretaxas a vários produtos estadunidenses passarão a valer daqui a dois dias, mas uma saída negociada, ainda assim, é possível, na opinião do chanceler.

Na semana passada, uma missão de negociação dos EUA, chefiado pelo vice-representante do Comércio, Miriam Sapiro, e pelo subsecretário de Agricultura, James Miller, solicitou formalmente ao governo Lula, em reunião no Itamaraty, o adiamento das medidas para junho.

Resposta concreta

O ministro das Relações Exteriores considera que o pedido, por si só, não diz muito. "Esperaria uma resposta mais concreta (dos EUA) do que simplesmente pedirem um adiamento", afirmou Amorim durante conversa com jornalistas no Rio de Janeiro. "Sobre isso, é possível que haja novidades", disse, indicando que os canais estão abertos para negociações.
"Quarta-feira não é um prazo fixado por nós. É parte de um decreto que entra em vigor. Mas nada impede (que se negocie)."

O ministro lembrou que a disputa sobre a ajuda financeira que os EUA fornecem a seus produtores de algodão já dura sete anos, e praticamente não foram feitas alterações nessa política. Em novembro do ano passado, o governo brasileiro ganhou na Organização Mundial do Comércio (OMC) o direito de retaliar o país em mais de 800 milhões de dólares.

Subsídios polêmicos

"Até quinta-feira, os Estados Unidos não deram sinal de que podem mudar sua política (de subsídios). Estamos na expectativa de que isso possa ocorrer", disse Amorim. A disputa envolvendo o algodão está na pauta de uma reunião de ministros integrantes da Câmara de Comércio Exterior (Camex) nesta segunda-feira.

O ministro disse, que apesar da disputa, os EUA devem voltar a ser o principal parceiro comercial do Brasil em 2010, reassumindo lugar que haviam perdido para a China no ano passado, principalmente devido à crise.

Amorim estima que os Estados Unidos sejam o destino de 13% das exportações brasileiras em 2010, contra 11% ou 12% da China e 10% da Argentina. "A China deve ficar um pouco abaixo até porque o comércio de manufaturas do Brasil para os EUA, América Latina e Caribe é muito forte, e isso está retomando." Os EUA subsidiam fortemente sua agricultura, o que prejudica as exportações do Brasil e outros países em desenvolvimento.

Da redação, com agências