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Berzoini rebate denúncia e acusa campanha da Folha para Serra

O deputado federal e ex-presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, acusa a Folha de S.Paulo de estar em campanha por José Serra (PSDB), candidato na corrida ao Palácio do Planalto. A crítica é a resposta do parlamentar a reportagem publicada no jornal paulista no domingo (1º), que traz informações sobre um dossiê apócrifo e com informações falsas sobre o ministro da Fazenda Guido Mantega.

Por Anselmo Massad, na Rede Brasil Atual

"A Folha de S.Paulo está na campanha do Serra, qualquer pessoa com um mínimo de bom senso vê isso", acusa Berzoini, em entrevista à Rede Brasil Atual. "Então, tudo o que ela puder criar de matérias que passem a ideia de que o PT é um partido que se dedica a manobras, artimanhas, a fazer jogo baixo é interessante para eles", completa.

Ainda no domingo, o deputado, em campanha de reeleição, publicou nota desmentindo as acusações. Ele defende ainda dois outros funcionários do Banco do Brasil acusados no texto e manifesta seu apreço por Mantega na pasta da Fazenda. Além disso, ainda lembra que a carta apócrifa com acusações foi tema de nota no jornal Valor Econômico, ainda em maio.

A reportagem da Folha sustenta, com base em declarações de pessoas "da estrutura do governo" que falaram em condição de anonimato, que o dossiê falso é atribuído a lideranças ligadas ao PT e ao sindicalismo bancário. O material acusa a filha de Mantega, Marina, de reunir-se com Paulo Caffarelli, vice-presidente do Banco do Brasil, para fazer tráfico de influência. O imbróglio envolvia o fato de que o ministro da Fazenda defendia Caffarelli na presidência do fundo de previdência dos funcionários do Banco (Previ).

Na visão de Berzoini, entre membros do primeiro escalão do governo, não há nenhum crédito nem para a acusação contra as lideranças egressas do sindicalismo bancário nem para as informações falsas do dossiê. Ele critica ainda o uso de declarações "off the record", em que o nome da fonte da informação é ocultado.

"O off é pior do que carta apócrifa, é o último reduto dos canalhas", afirma. O jornal cita nove pessoas que teriam confirmado as suspeitas. "Em off, sempre tem um oportunista para falar. (O jornalista) pode ouvir pessoas do terceiro ou quarto escalão, pessoas de quem ele gosta e (que) tenha prazer de ouvir", reclama.

O ex-presidente do PT também vê uma tentativa de desqualificar lideranças sindicais. "Como temos uma bancada sindical grande na Câmara e no Senado, temos um presidente da República, a governadora do Pará e da Bahia, e vários ministros com origem sindical, eles se sentem incomodados, acham errado", critica.

"Para setores da mídia, sindicalista é um cidadão de segunda categoria. Até hoje, não se conformam de um sindicalista ter chegado à Presidência da República", sustenta. "Sempre que podem, procuram desqualificar o sindicalismo; a matéria (de domingo) serve a isso também", reitera.

Veja abaixo nota de Berzoini sobre o caso.

Esclarecimento de Berzoini sobre o novo dossiê da Folha

A edição deste domingo da Folha de S.Paulo tem em sua principal manchete a acusação: Petistas fazem dossiê contra ministro do PT. A leitura da matéria esclarece: seriam petistas com origem no sindicalismo bancário. Fontes em off apontam: os suspeitos são o sr. Alencar Ferreira e o sr. José Luiz Salinas, ligados ao ex-presidente do PT Ricardo Berzoini, ocupantes de altos cargos nas empresas do BB. Fontes atribuem o tal dossiê, que a leitura da matéria revela tratar-se de uma carta apócrifa, à disputa pela direção da Previ. E dão como consequencia do episódio o suposto enfraquecimento dos `bancários` na direção da campanha presidencial. E insinuam que eu teria estimulado a confecção ou distribuição da referida carta.

Esclareço:

1 – O ministro Mantega sempre teve meu apreço e reconhecimento pela brilhante atuação à frente da política econômica do nosso país, que permitiu o enfrentamento da crise econômica mundial e uma estratégia de crescimento sustentável para o Brasil. Um ataque covarde e anônimo ao ministro só pode interessar aos que não tem compromisso com nosso governo.

2 – Conheço os ´suspeitos´ há tempo suficiente para não acreditar que pudessem recorrer ao mais covarde dos instrumentos para atingir supostos objetivos políticos. Tratam-se de profissionais concursados do BB, que exercem altas funções no banco há bastante tempo, sempre elogiados por suas atuações.

3 – Acredito que o anonimato é o último refúgio da covardia, tanto em cartas como nos offs jornalísticos. É grotesca a tentativa de atribuir a mim estímulo ou conivência com uma iniciativa dessas. Os que usam o off para fazer ilações anônimas incorrem na mesma falta de ética que os escritores de cartas apócrifas.

4 – Que eu saiba, não houve nenhum pleito dos bancários petistas em relação à campanha presidencial. Eu, desde que deixei a presidência do PT, em fevereiro deste ano, informei ao novo presidente do partido, companheiro José Eduardo Dutra e à nossa candidata Dilma Roussef, que gostaria de dedicar o ano de 2010 ao meu mandato, prejudicado por mais de quatro anos de dedicação integral à direção nacional do PT, à minha campanha e ao convívio familiar, tão afetado pelas demandas partidárias. Estou atuando na campanha como militante no estado de São Paulo, defendendo nosso projeto e nossa candidata, com muita alegria. Quando tenho qualquer opinião relevante sobre a campanha, encaminho ao meu presidente, companheiro Dutra.

5 – Recentemente, em conversa com o ministro Mantega, sobre outros assuntos de interesse da política econômica, comentei sobre a tal carta apócrifa, que havia sido tema de uma coluna do jornalista Cristiano Romero, do Valor Econômico. Sugeri ao ministro que determinasse ao BB a abertura de sindicância interna para apurar a eventual participação de funcionários do banco em sua elaboração. Disse a ele que, assegurado o direito de defesa, se constatada a participação de algum funcionário, este deveria ser excluído dos quadros da instituição, na forma dos normativos internos. Afinal, o uso do anonimato para atacar um ministro de estado e um vice-presidente do banco é uma deslealdade à corporação e ao país, pois o banco tem uma competente auditoria para apurar denuncias firmadas por seus funcionários.