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Dilma diz que papa tem o direito de opinar

O papa Bento 16 disse nesta quinta-feira (28) em Roma que é dever dos bispos brasileiros intervir na campanha política para condenar o aborto. O pontífice afirmou ainda que descriminalização desse procedimento representa uma traição aos ideais democráticos.

Logo após as declarações, Dilma afirmou que respeita a opinião do pontífice. “Eu acho que é a posição do papa e tem que ser respeitada. Ele tem o direito de manifestar o que pensa. É a crença dele”. O candidato demo-tucano também afirmou que ele tem "pleno direito de emitir as suas diretrizes e orientações para os católicos do mundo".

Bento 16 qualificou o aborto e a eutanásia de ações "intrinsecamente más", cuja descriminalização compromete a democracia — a declaração foi feita a um grupo de bispos do Maranhão que lhe faziam a visita qüinqüenal ao pontífice.

Nenhuma das posições defendidas por Bento 16 é nova. Mas, ao recapitular esses pontos numa mensagem direta a bispos brasileiros a três dias de um segundo turno fortemente marcado pela discussão do aborto, o pontífice dá a seu discurso um conteúdo político.

Da fé à baixaria

O aborto virou tema central da campanha na virada entre o primeiro e o segundo turno. A candidata Dilma Rousseff — da coligação Para o Brasil Seguir Mudando — foi criticada em panfletos da Igreja Católica por ter defendido, no passado, a descriminalização do aborto.Ela passou vários dias repetindo que é "a favor da vida" e fez uma carta a religiosos se comprometendo a não mudar a lei sobre o tema.

A oposição tentou de todas as formas associar a imagem de Dilma à descriminalização do aborto. Mônica Serra, mulher do candidato demo-tucano José Serra, chegou a declarar publicamente que "Ela (Dilma) é a favor de matar criancinhas". Dias depois, uma ex-aluna da mulher de Serra revelou que ela já contou ter feito um aborto na época em que Serra estava exilado no Chile, há quase 40 anos. Desmascarado o “falso moralismo” da candidatura tucano, Mônica Serra saiu de cena.

Opinião

Para o secretário Nacional de Comunicação do PCdoB , Jose Reinaldo Carvalho, a intervenção da Igreja Católica, em especial o Vaticano — que é uma instituição internacional —, no processo eleitoral brasileiro é absolutamente desnecessária. “Quanto aos temas levantados na manifestação papal, não faz nenhum sentido enfocar problemas sociais sob o ponto de vista religioso. A defesa da vida depende de consciência e ciência, não de dogmas obscurantistas”.

Da redação, com informações das agências