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FSM de Dacar discutirá economia de países africanos

As economias dos países africanos ao sul do Saara, em conjunto, devem crescer algo em torno de 5,5% este ano, prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para 2012, a previsão é de resultados parecidos (5,7%). Os dados constam do Relatório Global de Estabilidade Financeira e Previsões Econômicas e Financeiras para 2011.

O contexto econômico africano será debatido no Fórum Social Mundial (FSM), em Dacar, no Senegal, que acontecerá entre os dias 6 e 11 de fevereiro. “A recuperação econômica continua a fazer-se a um ritmo mais lento nas economias avançadas, e muito mais rápido nas economias emergentes”, disse o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard.

O crescimento global em 2011 está projetado para 4,4% e 4,5% no próximo ano. Mas o conjunto dos países ricos deve crescer apenas 2,5% por ano até 2012. Como a região depende fortemente da ajuda financeira desses países, um corte de financiamentos traria consequências na projeção de crescimento.

Mesmo assim, o FMI indica que as perspectivas são boas. O crescimento subsaariano destaca-se também pelo fato de outras regiões terem sido mais severamente atingidas pela desaceleração dos últimos anos, forçada pela crise nascida nos países ricos.

“Os principais fatores foram a minimização e diminuição do número de conflitos civis internos — que têm efeito devastador sobre a economia [além das questões humanas] — e um processo de escolha de políticas mais apropriadas”, afirma Victor Duarte Lledo, representante do FMI em Moçambique. “Boa parte desses países conseguiu controlar melhor a inflação, por meio de políticas fiscais mais sustentáveis”, completa.

Reformas

De acordo com o representante do FMI, reformas importantes, “principalmente nos marcos regulatórios”, ainda precisam ser aceleradas, para sustentar esse crescimento no médio prazo. Segundo ele, também é preciso “aumentar o acesso ao crédito de pequenas e médias empresas e lidar com a questão de déficit de infraestruturas públicas, que são essenciais para complementar o investimento privado.”

O pesquisador Dipac Jaiantilal diz ser um começo. “Algumas reformas que foram feitas nos países africanos têm sido muito positivas. A procura dos investidores externos tem sido grande. E há um take off de alguns países, que saíram de um período de guerra — como Moçambique e Angola —, e que ajudam no crescimento de África”.

Jaiantilal afirma que, no entanto, ainda é difícil sentir a divisão dessa nova riqueza. “Na maioria dos casos, o crescimento tem sido muito concentrado, com poucos empregos e poucas grandes empresas. A base social de benefício desse crescimento é muito reduzida.”

“Veja o caso de Moçambique”, destaca o pesquisador, doutor em economia e coordenador do Instituto de Investigação Cruzeiro do Sul, de Maputo.“Não houve de redução da pobreza significativa, embora o crescimento tenha sido elevado, a taxa de média de 8% a 9%. Ainda há muito que fazer no campo de distributivo e redistributivo”, acredita.

Para dividir melhor a riqueza, Victor Duarte Lledo cita como exemplo o que o ocorreu no Sudeste da Ásia. “Eles voltaram-se para exportação, por meio de reformas no ambiente de negócios, comércio, financiamento de pequenas e médias empresas.” Mas, segundo ele, já há algum avanço na redução da pobreza em países como a Uganda e a Etiópia.

Como boa parte da África depende economicamente da exploração de recursos minerais, o representante do FMI acredita que a atenção ao setor precisa ser maior. “É um grande benefício potencial, mas tem gerado problemas de governança, às vezes de competitividade. É preciso taxar o setor de forma apropriada, para que esse dinheiro possa financiar o combate aos déficits que eles tenham, com sistema de orçamento transparente”.

Fonte: Agência Brasil