Alimentos continuarão pressionando inflação para cima, prevê Fipe
Os preços dos alimentos deverão fechar o mês de março com alta na média de 0,05% na cidade de São Paulo, depois de terem permanecido em queda desde a terceira prévia de fevereiro, segundo estimativa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em torno da pesquisa do Índice de Preços ao Consumidor (IPC).
Publicado 25/03/2011 17:32
Entre os itens em alta, estão os produtos industrializados, que passaram de uma taxa negativa de -0,09% para uma alta de 0,25%, entre a segunda e a terceira prévia do mês. De acordo com o coordenador da pesquisa, o economista Antonio Comune, essa reversão reflete, principalmente, a elevação de preço do óleo de soja (2,47%) e do leite em pó (2,60%). Os alimentos in natura tiveram alta de 0,71%, um pouco menos do que na apuração passada (0,83%), com destaque para o tomate (16,38%).
O economista calcula que os preços no grupo alimentação devem atingir o dobro da taxa do IPC, em ritmo semelhante ao do ano passado, quando a inflação medida pela Fipe ficou em 6,40% e a taxa do grupo, em 12,20%. Já no começo de abril, o feijão, por exemplo, já deverá estar custando mais caro. A razão é o clima chuvoso em regiões produtoras da leguminosa, como o Rio Grande do Sul.
Outra pressão vem da carne bovina, principal componente do cálculo inflacionário. A carne bovina tem tido uma cotação de baixa desde o começo do ano diante do aumento da oferta do produto do mercado, mas já está em processo de recuperação. Só o filé-mignon teve uma desvalorização de 25%. O preço médio da carne bovina passou de uma variação negativa de -3,26% para -2,66%.
Ajuste
Na avaliação do economista, o recuo é um ajuste da forte alta ocorrida ao longo do ano passado, quando a carne bovina aumentou 34%. Para ele, é pouco provável que, no acumulado do ano, os preços fiquem abaixo dessa taxa. Entre os motivos, está a possibilidade de um aumento da demanda externa.
“Isso se os Estados Unidos decidirem abrir mais o seu mercado”, apontou Comune, lembrando que, durante a visita que o presidente Barack Obama fez ao país no último fim de semana, o tema fez parte da conversa entre o presidente norte-americano e a presidenta Dilma Rousseff.
A previsão da Fipe para o fechamento do IPC em março é de uma taxa igual à da terceira prévia (0,37%). Caso essa taxa venha a se confirmar, o resultado será inferior ao de fevereiro, quando o IPC havia atingido alta de 0,60%. Para o acumulado do ano, ele projeta uma taxa em torno de 5% com viés de alta.
Fonte: Agência Brasil