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Agente alemão é acusado de envolvimento em mortes de estrangeiros

Um agente dos serviços de contraespionagem alemão é suspeito de estar envolvido em seis dos nove assassinatos de estrangeiros cometidos por uma célula terrorista de extrema-direita recém-descoberta, informa nesta terça-feira (15) o periódico "Bild".

O jornal "Frankfurter Allgemeine Zeitung" (FAZ) revelou que o agente especializado na luta contra os movimentos neonazistas e de extrema-direita foi testemunha ocular de um dos crimes em Kassel, no centro do país, e que a polícia só soube disso dez dias após o assassinato.

Ambos os veículos sugerem que a presença desse agente –cujo nome não foi revelado– próximo aos locais dos crimes reforça as suspeitas de que a célula terrorista pode ter recebido ajuda por parte das forças de segurança da Alemanha.

O grupo era formado por Uwe Mundlos e Uwe Bohnhardt, de 38 e 34 anos, cujos corpos apareceram no dia 4 em um veículo incendiado em Eisenach, ao leste do país, e Beate Zschape, de 36 anos, que se entregou na semana passada às autoridades após atear fogo na casa onde viviam em Zwickau.

A eles se soma Holger G., de 37 anos, que foi preso na terça-feira acusado de fornecer documentos para que os três assassinos alugassem veículos e casas.

O "Bild" e o "FAZ" destacaram que o suspeito agente de contraespionagem estava dentro do cyber café em Kassel, junto com outros cinco clientes em 6 de abril de 2006, quando seu proprietário, o turco Hallit E., de 21 anos, foi assassinado.

Enquanto as demais testemunhas se apresentaram imediatamente às autoridades, a polícia precisou de 10 dias para localizar o agente, que disse que não sabia do crime e por isso não se apresentou.

O "Bild" destacou que logo após a declaração do agente e seu posterior afastamento do cargo, a onda de assassinatos a proprietários estrangeiros de pequenos comércios na Alemanha terminou.

Além disso, comenta que o antigo responsável de contraespionagem alemão no estado federado da Turíngia Helmut Roewer, que hoje escreve livros para a editoria ultradireitista Ares Verlag, pagou altas quantias em dinheiro a vários líderes neonazistas para se transformarem em agentes infiltrados do serviço do Estado.

Roewer, que renunciou o cargo em 2000, deu entre 1995 e 1997 cerca de 40 mil euros a Thomas Dienel, então líder na Turíngia do Partido Nacional Democrata Alemão (NPD), para que se transformasse em um agente infiltrado na cena neonazista.

Tino Brandt, o vice-presidente do NPD nesse estado, também foi recrutado por Roewer e cobrou entre 1994 e 2001 cerca de 200 mil euros, dinheiro que utilizou para criar o movimento neonazista "Thuringer Heimatschutz", que tem membros terroristas como Mundlos Bohnhardt e Zschape.

A publicação ressalta que o próprio Roewer reconheceu que, enquanto foi responsável da contraespionagem federal na Turíngia, entre 1994 e 2000, recebeu 1,5 milhão de euros à vista pelos "serviços especiais" a pessoas do movimento neonazista.