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Mercado de trabalho está sob pressão no mundo

A economia mundial, marcada por sinais de recessão no velho continente, acrescenta pressões adicionais sobre o mercado trabalhista ante a necessidade de criar novas capacidades visando enfrentar o constante crescimento da força de trabalho.

As cifras da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para 2012 confirmam a complexidade do cenário, no qual os países estão chamados a criar ao menos 600 milhões de empregos em um prazo de 10 anos.

Essa quantidade, indicou a entidade, é a requerida para absorver os quase 200 milhões de desempregados existentes na atualidade, somados os 40 milhões de pessoas que se incorporam cada ano à população economicamente ativa.

Para os especialistas, essa previsão representa um desafio urgente, uma vez que as opções envolvidas no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na Eurozona poderiam levar a uma conjuntura ainda mais adversa.

Já o Fundo Monetário Internacional (IMF) reviu os prognósticos de crescimento da economia mundial em 2012, como consequência dos efeitos negativos gerados pela crise da dívida soberana na Europa.

A entidade multilateral situou em 3,3% a expansão do PIB global no atual exercício, com uma descida de sete décimos em relação à avaliação precedente. Do mesmo modo, para 2013 o avanço do PIB se localizou em 3,9%, o qual implica um recuo de 0,6%.

Enquanto, no caso da América Latina, o crescimento este ano é estimado em 3,6%, com uma contração de quatro décimos em comparação com as previsões anteriores.

Os problemas se concentram na Eurozona. O IMF considerou, para os 17 países sob a moeda única, uma descida de 0,5% no atual exercício. Nesse sentido, a instituição admitiu que a economia europeia ingressará em 2012 em um cenário de moderada recessão devido ao impacto das medidas fiscais adicionais e do aumento nas primas de risco soberano.

Desse jeito, com uma expansão mundial média inferior a 2%, 2012 terminaria com 204 milhões de desempregados.

E mesmo uma eventual recuperação só tiraria um milhão de desempregados dos prognósticos para este ano, daí que a taxa de desemprego se manteria em 6% como média.

A OIT qualificou de efêmera a recuperação que começou em 2009, pois na realidade se contabilizam 27 milhões de desempregados a mais em comparação com os dados reportados no início da crise.

Unido a isso, os peritos mencionam outros 29 milhões de pessoas a menos na população ativa, aos quais qualificam como desalentados pela busca de emprego – que, se somadosao desemprego, elevariam o indicador dos 6% aos 6,9% como média mundial.

Nessa categoria, se classificam os que decidem abandonar a busca de trabalho porque sentem que não têm oportunidades de encontrá-lo e por isso não são contabilizados entre os desempregados.

Isto também se aplica aos jovens que continuam seus estudos mais tempo do que tinham previsto e esperam para procurar trabalho, porque percebem uma falta de opções. Já no ano passado, foi detectado que 74,8 milhões de jovens com idades entre 15 e 24 anos estavam desempregados, um incremento de mais de 4 milhões em relação a 2007.

Em escala planetária, os jovens têm três vezes mais possibilidades que os adultos de estarem desempregados, e a taxa mundial de desemprego nesse setor é de 12,7%, um ponto percentual acima dos níveis anteriores à crise.

Outra questão preocupante diz respeito ao trabalho decente. Os dados da organização mencionam a necessidade de estender esse conceito a 900 milhões de trabalhadores que vivem com suas famílias abaixo da linha da pobreza de dois dólares ao dia.

O número de trabalhadores em emprego vulnerável em 2011 foi estimado em 1,5 milhões de pessoas no mundo, um incremento de 136 milhões em relação a 2000 e algo perto de 23 milhões a mais, se comparado com 2009.

Este problema afeta em maior medida as mulheres, com 50,5% delas em ocupações vulneráveis, enquanto no caso dos homens esse indicador se localizou em 48,2%.

Além disso, persiste a fenda em matéria de produtividade entre os industrializados e os países em desenvolvimento, onde nos primeiros foi de 72,9 mil dólares por trabalhador em 2011 e 13, 6 mil dólares para os segundos.

Os dados para 2012, disse a OIT, "são um reflexo da crescente desigualdade e a contínua exclusão que sofrem milhões de trabalhadores e suas famílias a nível mundial".

A entidade alertou também que as políticas de austeridade sem dúvidas vão piorar os problemas do mercado de trabalho, pois a experiência demonstra que terá que investir em opções ativas de criação de empregos e estimular o investimento.

Fonte: Prensa Latina