Greve: servidores da Saúde em SP exigem 26% de aumento real

Trabalhadores da área da saúde, da rede estadual de São Paulo, cruzaram os braços desde  sexta-feira (13) para reivindicar aumento real de 26% e regulamentação da jornada de 30 horas para funcionários do setor administrativo. Segundo o SindSaúde, 40 unidades aderiram à greve na capital, Grande São Paulo e no interior. Desde o dia 23 de março a categoria tenta uma negociação com o governo tucano Geraldo Alckmin.


Trabalhadores da Saúde na Baixada, em S. Paulo, em greve nesta terça (17)/ foto: SndSaúde divulgação

Segundo os trabalhadores, que têm data-base em  a greve por tempo indeterminado. A pasta informa que, em 2011, o governo do Estado aprovou um plano de cargos e salários que teria resultado em aumentos de até 40% para a categoria, retroativos ao mês de julho daquele ano. Conforme o SindSaúde, a manifestação reivindica reajustes salariais referentes ao ano de 2012, que tem data-base em 1º de março.

O SindSaúde-SP lembra que os trabalhadores tentam negociar um aumento salarial com o Estado desde o 23 de março.

Um enfermeiro de 37 anos, que há 17 atua na rede, que não quis se identificar, disse ao Vermelho que os cerca de 70 mil trabalhadores tiveram somente dois reajustes desde que o PSDB assumiu o Palácio dos Bandeirantes.

"Um deles foi em 2003, com a incorporação de gratificação de R$ 60 ao salário e o outro foi em 2007, quando ocorreu um esvaziamento de médicos e enfermeiros dos hospitais e unidades de saúde. Mas, da mesma maneira que em 2003, não foi um reajuste salarial, mas sim um aumento de uma gratificação chamada prêmio incentivo que passou de R$ 300 para R$ 1 mil", recorda o profissional, que observa também que boa parte das gratificações não são pagas em caso de afastamento por motivo de saúde, por exemplo, e não incluídas na conta da aposentadoria. 

O salário base de um médico do Estado de São Paulo é de aproximandamente R$ 600. com as gratificações sobe para cerca de R$ 1800.

Na manhã desta terça-feira (17), trabalhadores de hospitais, como o do Mandaqui e o do Servidor Público, fizeram manifestações. No do servidor, cerca de 600 pessoas participaram de uma caminhada em volta do quarteirão onde se concentram os atendimentos hospitalares. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, cinco hospitais da rede estadual foram afetados.

Também hoje, uma comissão dos trabalhadores falou na Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Segundo o SindSaúde, o chefe de gabinete do líder do governo, Samuel Moreira (PSDB) ,se comprometeu a agendar uma reunião com para ajudar na negociação com o governo do estado.

Histórico

Na campanha salarial de 2011, houve uma longa rodada de negociações. O principal ponto debatido foi a reestruturação da carreira da área técnica da saúde. A lei (LC 1.157/11) avançou, mas houve pouco impacto no bolso do trabalhador, principalmente para os que têm mais tempo de serviço, a grande maioria que são maioria na saúde. Há mais de 20 anos não é promovido concurso público para a saúde.

No ano passado os trabalhadores reivindicavam 26% e o governo fixou em 7%, com pagamento em julho de 2012. Por isso na Campanha Salarial deste ano os trabalhadores reivindicam os mesmos 26% de aumento salarial.

Os trabalhadores fizeram uma assembleia no dia 15 de março que forçou o secretário de Gestão Pública, recém empossado Davi Zaia, a receber a Comissão de Negociação do Sindicato e disse que estava tomando conhecimento da situação. Depois, os trabalhadores fizeram uma paralisação de 48 horas, dias 21 e 22 de março.

Com a paralisação, a mesma secretaria publicou uma portaria no dia 22 de março instituindo um Grupo de Trabalho, com a participação do Sindicato e prazo de 15 dias, para resolver as pendências em relação à jornada, ao adicional de insalubridade e fazer correções na lei da reestruturação da carreira.

Mas, não houve avanços e uma nova assembleia, no dia 23 de março, aprovou greve por tempo indeterminado a partir de 13 de abril.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSaúde-SP), estão em greve, na Capital, o CAISM Água Funda; CAPS Brasilândia; CAPS Itapeva; Conjunto Hospitalar do Mandaqui; CRT Aids; CS2 Oratório; DPME; Hospital Guaianases; Hospital Brigadeiro; Hospital Cachoeirinha; Hospital Darcy Vargas; Hospital Heliópolis; Hospital Ipiranga; Hospital Penteado; Hospital Taipas; IAMSPE; Instituto Emilio Ribas; NGA 8; Pam Lapa; Pam Maria Zélia; UBS Vila Anastácio; UBS Jd. Vera Cruz; UBS Jd. Tietê.


Manifestação em Guaianazes, S. Paulo / foto: SindSaúde divulgação

Na Grande São Paulo e Interior, estão sem atendimento o Ambulatório Saúde Mental/Presidente Prudente; CEAMA Campinas; Centro Reabilitação Casa Branca; DRS 7 Campinas; DRS Franca; DRS Santo André; Hospital Arnaldo P. Cavalcanti; Hospital Geral de Promissão; Hospital Clemente Ferreira; Hospital das Clínicas de Suzano; Hospital Estadual de Presidente Prudente; Hospital Geral de Ferraz; Hospital Guilherme Álvaro; Hospital Padre Bento; Hospital Regional de Assis; Hospital Regional Mirandópolis; Hospital Regional de Osasco; Sucen/Assis; Sucen/Ourinhos.

Reivindicações

Aumento salarial de 26%;
reajuste do auxílio alimentação de R$ 4 para R$ 25;
regulamentação da jornada de 30 horas para todos;
aumento no valor do prêmio de incentivo;
pagamento do 13º salário e férias;
correção das distorções nos valores pagos e transparência na verba da saúde repassada pelo Ministério da Saúde para o Estado;
aposentadoria especial;
concurso público para suprir falta de pessoal nas unidades de saúde; e
correção de erros na criação dos cargos e rebaixamento na letra da Lei Complementar 1.080/08.

O SindSaúde foi procurado, mas nenhum representante foi localizado.

Da redação com SindSaúde e agências