Paulo Henrique Amorim: O Barão de Itararé é a nossa ANJ

Noite fria, um bom vinho e show do grupo de chorinho de Luis Nassif. Esse foi o cenário que reuniu cerca de 150 pessoas no Restaurante Villa Tavola, na Avenida 13 de maio, São Paulo, para comemorar o aniversário de dois anos do Centro de Mídia Barão de Itararé.

Em entrevista ao Vermelho, Altamiro Borges, presidente do Barão de Itararé, falou que a entidade completa dois anos com um balanço muito positivo. “Penso que o Barão conseguiu se firmar, se projetou e ganhou respeitabilidade. Acho que isso tem muito a ver com a filosofia de sempre somar, sem vícios partidaristas, exclusivistas e sectários”.

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Altamiro, que também é secretário Nacional para Assuntos de Mídia do Partido Comunista do Brasil, disse que esses resultados são fruto de uma ação aglutinadora que fez do atual grupo o combustível para construir e levar o Barão a este patamar.

“Essa unidade do Barão tem muito a ver com o time que se formou, um grupo plural e com muita vontade de fazer uma comunicação diferente. Além disso, acho que as atividades desenvolvidas pelo Centro também estão na base do nosso amadurecimento. Então, os cursos, seminários debates, encontro de blogueiros, participação em campanhas, banda larga, TV Cultura foram fundamentais para nosso crescimento”, disse Altamiro.

Ele acrescenta que com esse posicionamento agregador, que ao mesmo tempo é dinâmico, foi possível cimentar ainda mais as propostas pensadas há dois anos. “Avançamos muito, estamos mais maduros. Porém, penso que ainda temos um longo caminho pela frente. Exemplo: precisamos investir mais na parte de formação de novos comunicadores, precisamos estreitar relação com as rádios e televisões comunitárias e fortalecer nossa estrutura enquanto entidade”, finaliza o dirigente.

A jornalista Maria Inês Nassif, que compõe o Conselho Consultivo da entidade, compareceu ao evento e destacou o papel singular do Barão na construção de uma esfera política ampla e democrática. “Componho o Barão desde sua origem. E por ter assumido um papel organizativo, os debates empreendidos no interior da blogosfera se tornaram férteis e com resultados e proposições concretas”.

Ela frisou que “o papel do Barão foi de alguma forma tornar orgânica essa rede de colaboradores, que é uma rede que defende uma liberdade de imprensa, uma liberdade para todos. Ou seja, uma liberdade que visa garantir o acesso de todos à informação e dar a possibilidade de todos emitirem a sua opinião”.

Rodrigo Viana, que é diretor de Comunicação do Centro, concorda e lembra que o Barão de Itararé não nasceu por acaso.

“O Barão não nasceu em um ano qualquer, nasceu em 2010. Um ano eleitoral, no qual, do meu ponto de vista, viveciamos a maior batalha no interior do setor de comunicação no Brasil. Esse Centro foi aglutinador, mas ao mesmo tempo sistematizou o intercâmbio entre sites que já estavam por aí. Além disso, o Barão organizou os dois encontros de blogueiros, bem como diversos debates. Tudo isso com um único objetivo, estimular a crítica aos meios de comunicação no Brasil e contribuir para a luta pela democratização da comunicação no país”, explica o jornalista.

“Blogueiros Sujos”

O jornalista Paulo Henrique Amorim também prestigiou a entidade e destacou que o Centro de Mídia desempenha um papel extremamente importante que é o dar voz e visibilidade a uma comunidade cada vez mais importante para o ambiente jornalístico e do ambiente político brasileiro, que são os blogueiros sujos.

“O Barão é a nossa ANJ, é a nossa Associação Brasileira de Imprensa, o nosso Supremo Tribunal Federal. Uso a expressão blogueiros sujos com muito orgulho, porque foi assim que o José Serra nos chamou. E ele é um adversário político nosso. O Serra é contra a independência da mídia, é contra essa corrente avassaladora que corre em defesa da liberdade de expressão no Brasil”, alerta o jornalista.

Marco regulatório

Na oportunidade, Altamiro Borges explicou como andam as movimentações sobre a consulta pública do novo marco regulatório.

“O Barão, bem como as demais entidades que lutam pela democratização da mídia, está aguardando a consulta pública que foi sinalizada pelo Ministério das Comunicações. Se a consulta sair, avalio que ela virá em um ambiente muito favorável. Ou seja, a presidente Dilma está em sua melhor fase, pois ela deixa de ser pautada pela mídia e passa a pautá-la, exemplo disso foi sua postura em relação aos bancos e à Comissão da Verdade. Por outro lado, essa mídia conservadora vive a sua pior fase, o caso de Veja retrata bem este cenário”, reflete o dirigente.

Eduardo Guimarães, editor do Blog da Cidadania, endossa e destaca que a atual conjuntura é sinal de novos tempos. “O processo da CPI do Cachoeira e sua repercussão nas redes sociais ratifica todo o trabalho empreendido pelos que lutam por uma mídia não golpista. A grande mídia, em especial a Revista Veja, esta incomodada com as mobilizações ocorridas na rede. De fato vivemos um novo cenário, e a Revista Veja tem sentido isso na pele nas duas últimas semanas. Visto que, torna-se o assunto mais comentado, só que de forma negativa”, finaliza.

De São Paulo, da Redação do Vermelho Joanne Mota