A economia chinesa e a crise capitalista

A economia chinesa se desacelerou novamente no segundo trimestre deste ano ao crescer 7,6%. Ainda assim, o resultado representa um verdadeiro alívio no meio do adverso panorama internacional, sem esquecer que supera a meta para 2012.

Muitas leituras podem ser feitas das estatísticas divulgadas na sexta-feira (13), as quais confirmaram prognósticos adiantados há algum tempo quanto ao ritmo menor de expansão da segunda economia do mundo, que ainda mantém sua condição de locomotiva.

O dado do produto interno bruto (PIB) do país para o período de abril a junho passados é 0,5% menor que o de janeiro-março. Para o primeiro semestre de 2012, a produção de bens e serviços interanual na China aumentou 7,8%.

As cifras totais podem ser resumidas da seguinte forma: o crescimento de abril-junho deste ano está classificado como menor desde o terceiro trimestre de 2009 e o sexto período desse tipo com baixa no citado indicador.

É verdade que a desaceleração, prevista com antecipação, merece o máximo de atenção, sobretudo se é uma economia que em 2011 cresceu 9,2% em relação a 2010, quando a expansão foi de 10,4%.

Motivadores

As causas são conhecidas; entre outras, os menores investimentos em ativos fixos e uma demanda externa debilitada para as exportações como reflexo da crise global com epicentro na Europa, o principal sócio comercial do gigante asiático.

A tudo isso se somam os problemas da economia estadunidense, que se podem observar na taxa de desemprego que chegou a 8,2% em junho, sem mudanças com respeito ao mês anterior.

Essa realidade explica por que o porta-voz do Bureau Nacional de Estatísticas, Sheng Laiyun, afirmou que ainda que a taxa de crescimento continue em desaceleração, o comportamento foi muito bom quando comparado aos resultados das nações desenvolvidas e outras economias emergentes.

Deve ser levar em consideração que a expansão do PIB na primeira metade do ano supera a meta de 7,5% fixada pelo governo para 2012.

Essa última cifra é menor que a de outros anos e a redução responde tanto ao objetivo das autoridades chinesas de melhorar a qualidade do crescimento como à consciência que tem o país, há tempo, do adverso panorama econômico internacional.

Estabilização

As estatísticas abarcam um período passado, mas o presente e o futuro estão regidos pela necessidade de estabilizar o crescimento econômico, tarefa que o premiê, Wen Jiabao, considerou a mais urgente nestes momentos.

Por isso fez um chamado a impulsionar o consumo e diversificar as exportações, mas sobretudo a promover os investimentos, como medidas que podem contrarrestar a fraca demanda externa e o baixo consumo interno.

Importante recordar que os investimentos em ativos fixos urbanos registraram um avanço interanual de 20,4% no primeiro semestre e chegaram a 2,38 bilhões de dólares. O incremento foi 5,2% inferior ao de igual etapa em 2011.

Por outro lado, as vendas a varejo no mês passado cresceram 13,7% em comparação às do ano anterior, mas o aumento foi 0,1% menor que o de maio. Depois dos ajustes da inflação, a taxa de crescimento real nessa atividade foi calculada em 12,1%.

De janeiro a junho a mesma cifra aumentou 14,4%, menos que no primeiro trimestre do ano, quando seu avanço foi de 14,8%.

Frente a este panorama, as autoridades demonstram estar muito ativas, incluídas duas recentes reduções das taxas de juros e três do coeficiente de reservas desde novembro passado para estimular a economia.

Investimento

Deve esperar-se também um incremento dos investimentos em programas de moradias, ferrovias e construção de infraestrutura, segundo a estratégia explicada pelo chefe de governo.

Para além da desaceleração confirmada pelos dados e os planos para melhorar a situação, a leitura principal que deve ser feita do comportamento desta economia é muito simples: as previsões se estão cumprindo, incluída a meta de crescimento.

O Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD), ainda que na última quinta-feira (12) tenha ajustado a cifra, estimou a expansão do PIB da China para este ano em 8,2%, 0,3% a menos que o prognóstico anterior. Em 2013 o crescimento será de 8,5% segundo a citada instituição.

Pouco deve surpreender que ao fechar 2012, a estatística final se aproxime do previsto pelo BAD, para benefício da recuperação da economia mundial também.

Fonte: Prensa Latina