Silêncio dos depoentes prejudica sessão da CPI do Cachoeira

Em menos de meia hora foi encerrada a reunião da CPI do Cachoeira que ouviria nesta terça-feira (7) os depoimentos da mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, e do policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto. Os dois se mantiveram calados, obrigando os parlamentares a encerrarem a sessão sem nenhum depoimento.

O depoimento de Andressa Mendonça era muito aguardado depois da acusação de chantagem ao juiz federal Alderico Rocha Santos, de Goiânia, responsável pelo processo da Operação Monte Carlo na Justiça Federal.

Segundo o magistrado, ela ameaçou divulgar um dossiê contra ele, supostamente preparado por um jornalista da revista Veja, se ele não libertasse Cachoeira. Na última terça-feira (31), Andressa pagou fiança de R$100 mil à Justiça Federal para não ser presa.

Ela foi convocada como testemunha, mas o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) queria ouvi-la na condição de investigada. Ela é suspeita de atuar como laranja do esquema de Cachoeira.

Joaquim Gomes Thomé Neto é suspeito de fazer interceptação ilegal de e-mails para Cachoeira.

Acusações e processos

O Ministério Público Federal espera concluir os dois inquéritos contra Andressa até o final do mês. Ela é investigada por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. De acordo com o MPF, a Polícia Federal tem o prazo de 30 dias para concluir as investigações e, após esse prazo, os procuradores do MPF têm dez dias para apresentar a denúncia.

A acusação de lavagem de dinheiro surgiu após Andressa ter fornecido seus dados pessoais para ser usada como "laranja" na compra de uma fazenda em Luziânia (GO), no entorno do Distrito Federal, no valor de R$20 milhões.

O presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que ela comparecia à comissão na condição de investigada, em razão da abertura de inquéritos contra ela pelo Ministério Público Federal, que investiga suspeitas de lavagem de dinheiro e corrupção ativa. E propôs que ela colaborasse com a comissão prestando depoimento em reunião fechada, mas ela repetiu que exerceria seu direito constitucional de permanecer em silêncio.

A Constituição garante aos acusados o direito de permanecer em silêncio para não criar provas contra si mesmos.

Joaquim Gomes dispunha de habeas corpus que lhes garantia o direito de permanecer em silêncio.

Da Redação em Brasília.