2° turno em SP mostra 'retomada do bom senso', diz pesquisadora

Para a professora de História da Universidade de São Paulo (USP) Maria Aparecida de Aquino, a definição de um segundo turno entre PT e PSDB em São Paulo representa “a retomada do bom senso”. Lembrando que não falava do candidato Celso Russomanno, mas da candidatura, ela afirmou “apostar em alguma coisa que não se tem conhecimento seria uma aventura perigosa que o Brasil já viveu”, citando as experiências de Jânio Quadros, nos anos 1960, e de Fernando Collor, no início dos anos 1990.

“Essas apostas sempre foram absolutamente nefastas para o Brasil.” Agora, Maria Aparecida acredita que “as duas forças políticas mais importantes” no estado poderão debater e apresentar suas propostas.

Em relação aos resultados das eleições pelo país, a pesquisadora destaca o surgimento de uma força nova, representada pelo PSB, que não pode ser desprezada. Por outro lado, ela constata que o DEM “minguou” na atual disputa. “Mas não sei se uma eleição é suficiente para decretar o fim de um partido. É preciso dar tempo ao tempo”, observa.

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Para Maria Aparecida, o impacto do julgamento do chamado mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta eleição se esgota no primeiro turno. Mas poderá e deverá ter desdobramentos futuros no comportamento do eleitorado. Ela observa que, ao contrário do que se esperava, o PT consolidou e até ampliou espaços. “A gente não pode e não deve ser cínico e dizer que a população não está nem aí para a moralidade pública. Haverá um antes e depois do mensalão, assim como houve um antes e depois do impeachment (de Collor). A condenação de determinadas práticas políticas já está muito clara, para todos os partidos.”

Ela acredita, inclusive, que Serra será “suficientemente inteligente” para não basear sua campanha de segundo turno em denúncias relacionadas ao mensalão. E avalia que o candidato tucano cometeu um erro grave no primeiro tuno, ao passar boa parte do tempo falando que iria cumprir seu mandato integralmente em vez de falar sobre propostas. A professora vê em Haddad um candidato com plataforma política clara. “A presença marcante de Lula e Dilma fez diferença, mas o candidato também tem o seu brilho.”

Maria Aparecida não arrisca prognóstico. No segundo turno, “pode acontecer tudo”, diz ela, que tem dúvida sobre os rumos que tomarão os votos dados a Russomanno no primeiro turno. “Foram votos de ocasião, não de definição. Não tinham convicção.”

Fonte: Rede Brasil Atual