Violência marca o 2o aniversário da queda de Mubarak no Egito

A polícia reprimiu com violência as manifestantes no Cairo, Alexandria e Suez , nesta sexta-feira (25), por ocasião do segundo aniversário da revolta contra Hosni Mubarak. Segundo os serviços de segurança, mais de 100 pessoas ficaram feridas em todo o país. No Cairo, os manifestantes estão concentrados na Praça Tahrir, símbolo da revolução popular de 2011 que derrubou o então ditador Hosni Mubarak. Eles protestam contra o presidente islâmico Mohamed Mursi e exigem uma "nova revolução".

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Além da ação da polícia contra manifestantes situados perto do palácio da presidência na capital, confrontos foram registrados em Alexandria, segunda maior cidade do Egito, entre a polícia e manifestantes que queimaram pneus. Em Suez, próximo a entrada sul do canal de mesmo nome, manifestantes lançaram pedras contra a sede do governo local. A polícia também respondeu com gás lacrimogêneo.

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A oposição, formada por movimentos de esquerda e liberais, convocou protestos em todo o país contra o presidente Mursi e a Irmandade Muçulmana, recuperando as mesmas palavras de ordem utilizadas dois anos atrás: "Pão, liberdade, justiça social". "Tomem as praças para cobrar as reivindicações da revolução", pediu no Twitter Mohamed ElBaradei, uma das principais figuras da oposição laica.

"Que Deus proteja o país", foi a manchete do jornal independente Al-Shuruq, enquanto o jornal governamental Al-Gomhuriya instou a calma, pedindo ao povo para "permanecer ao lado da nação".

Nesta quinta-feira (24), Mursi fez um apelo a seus compatriotas a celebrar "de maneira pacífica e civilizada" o segundo aniversário da revolta.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu aos egípcios para que mantenham "os princípios universais do diálogo pacífico e da não-violência".

A Irmandade Muçulmana, não se manifestou oficialmente. Para marcar o aniversário, lançaram uma iniciativa chamada de "Juntos construiremos o Egito", reunindo uma série de ações sociais e de caridade.

Mas o clima promete ficar pesado com o anúncio, esperado para sábado, do veredito dos supostos responsáveis pela morte de 74 pessoas em uma partida de futebol em Port-Said (noroeste), em fevereiro de 2012. A torcida organizada "Ultra" do time Al-Ahly, da qual vazia parte a maioria das vítimas, ameaça manifestações violentas e uma "revolução" se não conseguir justiça.

Dois anos após o terremoto político da revolta, o país ainda luta para encontrar um equilíbrio entre um poder que conta com a legitimidade das urnas e seus adversários que condenam o surgimento de um sistema autoritário dominado pela Irmandade Muçulmana.

O país também enfrenta uma grave crise econômica, com a queda dos investimentos estrangeiros, a queda no turismo e um déficit orçamentário que voltou a aumentar.

Da Redação em Brasília
Com agências