Tunísia comemora Dia Nacional do Ciberativismo neste 13 de março

Quando o ciberativista tunisiano Zouhair Yahyaoui criou, em 2001, aos 33 anos, o fanzine eletrômico TuneZine deve ter imaginado que isso poderia lhe custar a vida? Preso em 2002 e depois de sofrer greves de fome e torturas na prisão, Zouhair foi libertado no final de 2003 e morreu em 13 de março de 2005, data em que foi decretado o Dia Nacional de Ciberativismo na Tunísia.

Talvez soubesse dos risco, talvez não. O fato é que o governo ditatorial de Ben Ali não gostou do conteúdo e começou uma verdadeira caçada em cybers café atrás de "Ettounsi" condinome usado por ele, que em árabe significa tunisiano.

O governo da Tunísia, pós-revolução de 2010, decretou em 2012 o 13 de Março como "Dia Nacional de Cyber" para prestar homenagem o ciber-dissidente tunisino, Zouhair Yahyaoui, uma vítima do antigo governo de Zine al-Abdine Ben Ali.

"Estou satisfeita que o Governo tenha lembrado do meu filho e, finalmente, o seu país prestar-lhe homenagem, estou orgulhosa do sacrifício de Zouhair que tinha apenas um sonho: ver a Tunísia livre e democrática", disse Khadija, sua mãe, na ocasião.

"O meu filho quase não dormia, permanecia muito tempo no seu computador para denunciar abertamente a corrupção e a repressão do antigo governo de Zine El Abidine Ben Ali", completou ela.

A família Zouhair sofreu vários anos de repressão do deposto presidente Zine El Abidine Ben Ali. As suas cinco irmãs e dois irmãos haviam sido proibidos de trabalhar, disse Yahyaoui.

Fundador do bem humorado "TuneZine", "Ettounsi" foi o primeiro a publicar uma carta a Ben Ali denunciando a esfera do judiciário do país. Ele foi detido em 4 de junho 2002, após ser descoberto em um cibercafé de Tunis pela polícia e condenado em 2002 a dois anos e seis meses de prisão onde foi torturado várias vezes. O dissidente fez três greves de fome para protestar contra suas condições de detenção.

Condenados a dois anos pelo “crime” de divulgar documentos na rede que comprometiam o governo e acusado de terrorismo, Zouhair contestou o tempo inteiro que permaneceu encarcerado, tornando-se símbolo da imprensa militante tunisiana. No entanto, seus protestos consistiam em perigosas greves de fome que o tornavam alvo de torturas e humilhações, o que contribuiu para debilitar sua saúde – já frágil por causa dos sucessivos dias sem comer.

Cumpriu um ano e meio da pena sem acesso à internet, correio, leitura, cestas básicas que eram enviadas e até mesmo privado de banhos de sol. Teve fortes dores de dente durante meses já que lhe foi negado o direito de consultar um dentista. Recebeu a liberdade condicional em 18 de novembro de 2003, após forte clamor internacional.

Em 19 de junho de 2003 recebeu o primeiro prêmio Cyber-Repórteres da organização Repórteres Sem Fronteira.

Zouhair saiu da prisão muito debilitado e não resistiu. Morreu deixando seu exemplo de luta e coragem para a atual geração que enfrenta um processo de transformação social, em busca de liberdade e independência. O TuneZine deixou de ter atualização um ano depois de sua morte, mas ainda é possível consultá-lo e conhecer de perto a luta do corajoso “Ettounsi”.

Da redação do Vermelho com agências