Internet no Brasil rejeita entrega do '.amazon' à empresa dos EUA 

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) publicou resolução de contestação à solicitação do domínio “.amazon” na Internet. A Amazon Incorporation, empresa privada dos Estados Unidos, solicita o registro desse nome de domínio à ICANN, inclusive em suas versões em japonês e chinês. A ICANN é responsável pela coordenação global do sistema de identificadores exclusivos da Internet. 

Para Virgílio Almeida, coordenador do CGI.br, não restam dúvidas de que esse domínio deva ser um bem do público da região amazônica: “A atribuição desse domínio de topo à Amazon não atende ao interesse público da região amazônica, de forma que os setores da sociedade brasileira representados no CGI.br contestam essa delegação”.

A posição de Virgílio corrobora com a da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) que compareceu à última reunião do CGI.br para informar que apresentou um requerimento para realização de audiência pública no Senado sobre o assunto. A audiência será realizada no dia 20 de junho e contará com a presença membros da OTCA, de autoridades do Itamaraty, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e do representante da ICANN no Brasil.

De acordo com o texto da resolução do CGI.br, o processo de solicitação de novos domínios deveria impedir que nomes referentes a regiões geográficas sejam delegados sem que os respectivos governos estejam de acordo. Em abril desse ano, Brasil e Peru manifestaram oposição sobre o pedido do “.amazon” à ICANN, apoiados pelos demais países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

O ".amazon" faz referência direta à região amazônica, que possui grande valor geográfico, cultural e patrimonial para o Brasil: compreende quase a metade do território brasileiro, constitui a maior reserva de biodiversidade do mundo, o maior bioma do Brasil, além de abrigar os lares de mais de 23,4 milhões de brasileiros.

“Ressaltamos nosso posicionamento de que quaisquer outros domínios de topo que contenham valor cultural, geográfico ou patrimonial não devam ser delegados a entidades de caráter privado dissociadas do interesse público”, completa Virgílio.

Além da rejeição oficial, há uma página que permite ao internauta contestar o pedido da Amazon. Isso porque a ICANN mantêm uma página de comentários para registrar opiniões do público sobre o programa de novos domínios.

A organização também disponibiliza canais de contato com o Opositor Independente (Independent Objector) e em Contact@Independent-Objector-newgtlds.org.

Além disso, o site Petição Pública disponibiliza o abaixo-assinado “Assim como a Amazônia, o .amazon é de interesse público!”, que conta atualmente com mais de 150 assinaturas.

Fonte: Comitê Gestor da Internet