Sul-africanos se despedem de Mandela, ícone da luta pela paz

Os sul-africanos despertaram nesta sexta-feira (6) sem o seu herói da luta contra a apartheid. Nelson Mandela faleceu na noite de quinta-feira (5), aos 95 anos, na sua casa em Pretória. Os compatriotas de Madiba se concentraram para homenageá-lo. Bandeiras a meio mastro, canções, orações e lágrimas deram o tom da despedida ao ícone da paz mundial. 

Sul-africanos se despendem de Mandela, ícone da luta pela paz - AP

Mandela será enterrado no dia 15 de dezembro, mas desde já os sul-africanos prestam suas condolências. Centenas de pessoas se reuniram nesta sexta-feira (6) diante da antiga casa do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, na cidade de Soweto, em Johannesburgo – onde morou antes de ser preso. Ali os seguidores do herói da luta contra a apartheid entoaram cânticos de combate e hinos de liberdade. Crianças levaram cartazes de Mandela e alguns táxis locais colaram imagens de seu rosto em suas janelas. A grande mobilização de cidadãos incluiu a participação de agentes policiais que patrulhavam a rua.

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Soweto foi um centro histórico do foco popular de enfrentamentos a apartheid. Em 1976, dez mil estudantes negros realizaram uma passeata pacífica. A polícia reagiu abrindo fogo e o massacre deixou 566 mortos.

De acordo com informações divulgadas pelas agências de notícias internacionais, o funeral de Madiba – como era carinhosamente chamado – deve ser aberto para que a população possa se despedir do primeiro presidente democraticamente eleito da África do Sul. O país entrou em período de luto oficial. “Ele partiu, ele se foi pacificamente na companhia de sua família”, declarou o atual presidente, Jacob Zuma.

“Não estamos aqui para chorar, mas para comemorar com honra e celebrar tudo o que Mandela fez para o bem da África do Sul”, disse Lerato Hlongwane, sul-africano de Soweto, que faz vigília na residência de Madiba.

Em Houghton, Johannesburgo, um numeroso grupo de pessoas também se reuniu em frente à residência de Mandela, onde acenderam velas, colocaram cartazes e fizeram longos períodos de silêncio em recordação à luta do ex-presidente pela paz. Alguns cidadãos conseguiram entregar cartas aos familiares do líder sul-africano.

“Nos levantamos, nos unimos e ficaremos assim para sempre. É o que podemos fazer por Madiba”, assinalou uma mulher em entrevista à Prensa Latina. Da mesma forma disse Bem Maboki, cidadão de Pretória: “Hoje nos despedimos com pesar de Mandela, foi um líder com um coração muito forte, mas cheio de humildade, uma das combinações humanas mais difíceis de encontrar”.

Mandela estava doente há quase um ano, vítima de uma enfermidade pulmonar recorrente, com a qual ele conviveu durante os 27 anos em que esteve preso. Ele se tornou símbolo mundial de reconciliação e coexistência pacífica ao conseguir que a nação se reunisse, após a transição do regime de segregação racial.

No vilarejo natal de Mandela, na província do Cabo Oriental, também houve homenagens. Mandla Mandela, neta do líder da luta contra a apartheid, disse: “Tudo que posso fazer é agradecer por ter um avô que guiou nossa família”.

Théa Rodrigues, da redação do Vermelho,
Com informações das agencias de notícias