Código de Mineração: negociações serão retomadas em 2014 

Quando retomar os trabalhos em fevereiro de 2014, a Câmara deve retomar a discussão do novo Código de Mineração. A expectativa é de que o projeto seja votado na Casa ainda no primeiro semestre. O atual marco regulatório do setor mineral está em vigor desde 1967 e para adequá-lo à modernização e ao crescimento da atividade, o Executivo enviou uma proposta de novo código em junho, que passou por várias alterações na comissão especial da Câmara.

Código de Mineração: negociações serão retomadas em 2014

Só os deputados apresentaram 372 emendas. Outras centenas de sugestões surgiram nas quase 40 audiências públicas que ouviram, em todas as regiões do país, cerca de 300 palestrantes, representando empresários, trabalhadores, mineradores e governantes. O relator da matéria, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), acatou várias dessas sugestões.

A proposta original do Executivo chegou à Câmara com 59 artigos, enquanto o substitutivo da comissão especial tem quase 130. O governo não concordou com várias dessas mudanças, mas o maior impasse está em torno de quatro pontos, segundo Quintão. Dois deles dizem respeito à futura Agência Nacional de Mineração, que vai regular o setor, e à Contribuição Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), que funciona como os royalties da mineração.

A expectativa do relator é concluir as negociações com o governo até março. A partir daí, Leonardo Quintão acredita que o novo Código de Mineração não terá dificuldades de ser aprovado na comissão especial e no Plenário da Câmara.

Divergências e impasses

"Nós criamos uma agência de acordo com a Lei das Agências e o governo entende que isso não deve ser feito neste primeiro momento. Este é um dos impasses que nós temos. A segunda dificuldade que estamos negociando é a inclusão das alíquotas da CFEM no projeto: parte do governo entende que isso deve ser feito por meio de decreto e o setor mineral e os parlamentares, por unanimidade, entendem que nós temos a obrigação de colocar na lei as alíquotas a serem pagas."

Quintão argumenta que a fixação das alíquotas da CFEM em lei é fundamental para o planejamento financeiro das empresas minerárias, que pagam os royalties, e dos municípios e estados, que os recebem.

Outra divergência com o governo é quanto ao artigo que define os direitos minerários como "reais e independentes do imóvel superficial". "Nós colocamos que a produção mineral deve ser considerada como um direito real, facilitando e reduzindo o custo do financiamento da produção mineral no Brasil. E estamos nessa negociação com o governo."

O quarto impasse é relacionado à fase de pesquisa e prospecção mineral, que o governo exige que seja feita por meio de chamada pública de empresas, enquanto os deputados e o setor mineral defendem uma outra fórmula, que privilegie o empreendedorismo, sobretudo daqueles que descobrirem novas jazidas. Nessa negociação, Quintão disse que já cedeu no que foi possível.

"Nós tínhamos 18 pontos de divergência, dos quais eu já cedi para o governo em 15. Nesses outros pontos que debatemos, estamos contando com a boa vontade do governo porque, sem isso, vamos ter uma lei que não seja exequível", afirma o parlamentar.

Da Redação em Brasília
Com Rádio Câmara