Coluna Prestes recebe homenagem do Congresso Nacional 

O Congresso Nacional realiza uma sessão solene para comemorar os 90 anos da Coluna Prestes. O evento acontece no dia 20 de maio, terça-feira, às 12 horas, no Plenário da Câmara, em Brasília, e contará com participação de familiares dos combatentes, entre eles, Maria Prestes, viúva de Luiz Carlos Prestes, e familiares do general Miguel Costa.  

Coluna Prestes recebe homenagem do Congresso Nacional

Em 28 de outubro deste ano, a Coluna Prestes completa 90 anos de história e serviços prestados à democracia brasileira. A Fundação Maurício Grabois, em conjunto com várias outras entidades e movimentos do povo e dos trabalhadores, apoia esta justa e necessária homenagem do Congresso Nacional.

A Coluna Prestes é considerada um dos momentos decisivos da história política brasileira no início do século 20. Ela fez parte do chamado movimento tenentista, que representou um dos pontos altos da oposição democrática à República Oligárquica (1889-1930).

Seu marco inicial foi o Levante do Forte de Copacabana, ocorrido em 5 de julho de 1922. Nele alguns jovens oficiais – que ficariam conhecidos como os “18 do forte” – enfrentaram o poderio das forças governistas. Nesse conflito desigual apenas dois revoltosos sobreviveram: Eduardo Gomes e Siqueira Campos.

O segundo levante tenentista ocorreu em 5 de julho de 1924 em São Paulo, com a adesão da Força Pública Estadual, o que obrigou o governador e o chefe militar da região a abandonarem a capital paulista. O presidente Artur Bernardes decretou estado de sítio e, numa atitude inédita, autorizou o bombardeio da cidade. Os tenentes conseguiram romper o cerco governista e se dirigiram para o interior, seguindo até o Paraná.

Em 28 de outubro de 1924, em solidariedade aos revoltosos paulistas que continuavam lutando, vários quartéis do Rio Grande do Sul se insurgem, entre eles o Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo, comandado pelo jovem capitão Luiz Carlos Prestes, que posteriormente viria a se tornar senador da República (1946-1948), pela legenda do Partido Comunista do Brasil (PCB).

Unido a outros revolucionários – como Antônio de Siqueira Campos, Osvaldo Cordeiro de Farias e João Alberto Lins de Barros – inicia sua cruzada libertadora que percorreria quase todo o país. No Paraná a coluna gaúcha se encontraria com a coluna paulista e formariam a Coluna Miguel Costa-Prestes. Desde o início se agregaram ao movimento insurgentes civis ligados aos grupos políticos dissidentes no estado do Rio Grande do Sul, conhecidos como maragatos.

Em fevereiro de 1926 os comandantes da Coluna apresentaram o documento “Motivos e Ideais da Revolução”, onde se diziam contrários “aos impostos exorbitantes, desonestidade administrativa, falta de justiça, mentira do voto, amordaçamento da imprensa, perseguições políticas, desrespeito à autonomia dos estados, falta de legislação social, reforma da Constituição sob o Estado de Sítio” e proclamavam ideais libertários.

A Coluna Prestes, como ficou conhecida, percorreu 25 mil km, atravessando 11 estados brasileiros: do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Fato que fez dela uma das maiores marchas militares da história mundial. A saga terminou em 3 de fevereiro de 1927, quando Prestes se internou na Bolívia com 620 combatentes, e Siqueira Campos se abrigou no Paraguai com 65 de seus homens. Por não ter sido derrotada, apesar dos esforços empreendidos pelos governos federal e estaduais, ganhou a denominação de Coluna Invicta.

“Cavaleiro da Esperança”

O período de exílio dos revolucionários coincidiu com o fim da censura à imprensa. Então, realizações da Coluna foram apresentadas pela imprensa como um dos grandes feitos do povo brasileiro na busca de justiça e liberdade. O jornal oposicionista A Esquerda deu a Prestes o título de “Cavaleiro da Esperança”, que logo foi adotado pelas demais publicações liberais e de esquerda.

Na época, em entrevista, Luiz Carlos Prestes afirmou: “A revolução tem um programa que todos nós juramos cumprir. Se pudermos voltar ao Brasil num ambiente de liberdade, lutaremos pelas reformas políticas do nosso programa”. Apesar da grande campanha popular feita em sua defesa, a anistia política aos revoltosos não foi concedida pelo presidente Washington Luís.

O fato é que a Coluna e sua memória animaram a oposição liberal e popular, enfraquecendo de morte a República Velha. A própria Revolução de 1930 – comandada por Getúlio Vargas e com a participação de muitos ex-tenentes – não poderia ter sido vitoriosa sem que o terreno fosse sendo semeado pela Coluna Prestes e o tenentismo. Muitos dos avanços democráticos e sociais que advieram posteriormente já estavam estampados como reivindicações no programa daqueles jovens oficiais revolucionários.

Da Redação em Brasília
Com Fundação Maurício Grabois