Wagner, diante do comando militar, diz que a verdade não faz mal

Ao discursar na solenidade de transmissão de cargo diante do comando militar, nesta sexta-feira (2), o novo ministro da Defesa, Jaques Wagner destacou que ainda existem feridas a serem cicatrizadas e que a “transparência e verdade não fazem mal a ninguém”.

Jaques Wagner ministro da Defesa

Em coletiva de imprensa, Wagner ressaltou que há ainda pessoas que perderam familiares, não encontraram familiares e querem ter o direito de encontrar para dizer quem foi culpado. “Insisto: a conjuntura internacional de 1964 não existe mais”, salientou ele, frisando que não assumiu o ministério para servir a um partido, mas ao país

Wagner prometeu usar de todo seu prestígio político para garantir com a área econômica do governo os recursos necessários para as Forças Armadas manterem os projetos prioritários, como a renovação da frota aérea da Aeronáutica e o programa de desenvolvimento de submarinos da Marinha, entre outros.

“Em um quadro de contenção orçamentária, o governo federal não descuidará do andamento dos projetos prioritários da área. Todos sabemos que teremos um ano de aperto [em 2015], mas quero dizer aos comandantes e aos civis que este ministro estará a frente na luta pela continuidade de todos os projetos”, disse.

Lembrando o discurso de seus antecessores no cargo, os ex-ministros Nelson Jobim e Celso Amorim, Wagner destacou que, apesar de viver em paz com os países vizinhos, o Brasil não pode abrir mão de investir e reforçar suas Forças Armadas, como estratégia de dissuadir eventuais ameaças futuras e manter a paz.

“Temos que zelar por inestimáveis reservas naturais, por infraestrutura críticas e pelo patrimônio da população. Não é recomendável desconsiderarmos as previsões de aumento, nas próximas décadas, da demanda global por água, alimentos e fontes de energia”, disse o ministro, ressaltando que a atual estratégia nacional de defesa está em sintonia com o crescente interesse da sociedade pelo tema e contribui para o desenvolvimento da indústria nacional.

Perguntado sobre a manutenção dos atuais comandantes do Exército, da Marinha e Aeronáutica, Wagner só mencionou que a decisão cabe à presidenta Dilma Rousseff. “Evidentemente, os atuais comandantes estão aí há oito anos e romperam uma tradição da renovação a cada quatro anos. A possibilidade existe, mas quem vai tomar a decisão é a presidenta”.

Ainda nesta sexta (2) o ministro se reunirá com os comandantes militares para discutir as medidas de sua gestão.

Durante a cerimônia de posse feita pela presidenta Dilma Rousseff nesta quinta (1º de janeiro), Wagner destacou a importância do cargo. “É uma missão que considero muito honrosa, que me orgulha muito. O Ministério da Defesa é absolutamente estratégico para qualquer grande nação do porte do Brasil. Temos desafios tecnológicos que são importantes, como a construção dos submarinos, dos aviões caças e os satélites”, afirmou Wagner.

Trajetória

Carioca, Jaques Wagner vive em Salvador, na Bahia, desde 1974, onde iniciou sua carreira profissional na indústria petroleira. Foi governador da Bahia pelo PT por dois mandatos consecutivos (2006-2014) e deputado federal pelo estado em três legislaturas (1990-2002).

No governo do ex-presidente Lula foi ministro do Trabalho e Emprego, da Secretaria das Relações Institucionais e da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.

Com informações de agências
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