Sidney Mamede: A mídia, o golpismo e a frente ampla

Na última quarta (8), um colunista escreve sobre uma "renúncia branca" da presidenta, praticando o que os filósofos chamariam de sofisma, desenvolve argumentos com o único objetivo de atacar a presidenta Dilma e a democracia brasileira, vai pela livre especulação e sem nenhuma noção do que vem a ser um governo de coalizão, frente ampla ou coisa que o valha. Tenta, como profeta do apocalipse, decretar de todo jeito, o fim do governo eleito democraticamente pelo povo brasileiro.

Por Sidney Mamede*

PCdoB

Tomo esse exemplo para ilustrar como age a grande imprensa brasileira e em especial, em certa medida, a imprensa pernambucana. Se pauta pela oposição, ataca e denigre a imagem da presidenta da República, tentando passar uma ideia de desgoverno e de que a Dilma estaria renunciando a suas funções e transferindo as suas responsabilidades, com isso, tentando insinuar o fim do governo de Dilma.

Governar é um exercício coletivo, um bom líder precisa e deve contar com muitos colaboradores, imbuídos de responsabilidades para tomar decisões e executar determinações superiores, para viabilizar todas as ações de Estado e de governo da responsabilidade daquele ente. Soa irracional acusar a presidenta de desgoverno por determinar tarefas a ministros e, no caso, ao vice, Michel Temer.

A presidenta entrega a um aliado muito próximo, seu colega de chapa, ex-presidente da Câmara dos Deputados, político habilidoso e experiente, a responsabilidade de conduzir a articulação política do governo. Isso reflete, antes de mais nada uma visão ampla, o esforço por buscar saídas políticas e melhorar a articulação governamental com o parlamento brasileiro. Também faz frente à crise econômica global e estrutural, fortemente potencializada pela crise política instalada pela brutal e desleal ofensiva da grande imprensa e da oposição conservadora, inconformadas com a derrota sofrida em outubro último, ameaçando a democracia.

Defender o governo constitucionalmente eleito da presidenta Dilma é dever cívico e democrático. Não se pode admitir que se tome de assalto uma conquista no voto, deve-se derrotar o golpismo.

Urge buscar “desde já uma frente ampla com todas as forças possíveis do campo democrático e patriótico. Somente uma frente que una as forças patrióticas, progressistas e democráticas da nação será capaz de enfrentar, isolar e derrotar a ofensiva retrógrada do consórcio oposicionista”, conforme artigo publicado no site do PCdoB.

Retomar a iniciativa política é fundamental, essa frente ampla deva ser articulada em torno da defesa da democracia, do mandato legítimo e constitucional da presidenta Dilma, da defesa da Petrobras, da economia e da engenharia nacional, do combate à corrupção, pelo fim do financiamento de campanha por empresas, pela retomada do crescimento econômico do país e garantia dos direitos sociais e trabalhistas e de uma reforma política democrática que aprofunde e aperfeiçoe a democracia brasileira.

A atitude da imprensa golpista deve ser denunciada e rechaçada com veemência, buscando a democratização da mídia, para que todas as opiniões possam ecoar livremente e com espaço na sociedade.

*Gestor público, pós-graduando em ciências políticas, secretário de comunicação do PCdoB/Olinda, Chefe de Gabinete do Prefeito de Olinda.