América para a humanidade, um estudo sobre a vida e obra de José Martí

Na semana que marca os 120 da morte do pensador cubano José Martí, Prosa, Poesia & arte traz uma pesquisa profunda sobre a vida e obra do herói americanista. Trata-se do livro América para a humanidade, do professor Eugênio Rezende Carvalho. Lançado originalmente em português em 2003, exatamente 10 anos depois a obra foi reeditada – em uma parceria da Fundação Maurício Grabois com a Universidade Autônoma do México – em espanhol e lançada nos países de latino-americanos de idioma hispânico.

Eugênio Rezende Carvalho - Fundação Maurício Grabois

Resultado de mais de dez anos de pesquisa sobre José Martí, América Para a Humanidade, é um livro destinado a qualquer amante da pesquisa, interessado em conhecer um pouco mais sobre a obra deste grande intelectual, e em consequência, a história da América Latina e Caribe. O trabalho é fruto da tese de doutorado de Eugênio Rezende de Carvalho, publicado no Brasil pela editora Anita Garibaldi.

O livro trata do pensamento americanista de José Martí, que segundo o autor é divido em dois momentos. A primeira parte é uma vasta investigação sobre as bases filosóficas que sustentam a concepção de mundo e natureza do ser humano de José Martí. “Porque a minha tese é de que para compreender o americanismo de José Marti é fundamental compreender a visão geral de mundo dele”, afirma Carvalho.

Para o autor, é importante compreender os conceitos de patriotismo e de pátria que José Martí definiu, não só pela postura anticolonialista e pela independência de Cuba, mas também pelos critérios usados por Martí para apoiar seu próprio patriotismo. Esses critérios, segundo Carvalho, vão muito além da defesa de um território. “Era um patriotismo com caráter supranacional” explica.

Já no segundo momento, é explorado o diagnóstico de José Martí sobre a América. Este diagnóstico leva em conta a divisão das Américas, chamadas por ele de “Nuestra América” [Latina] e “Outra América” [Estados Unidos]. De acordo com o autor, por ter vivido a maior parte de sua vida adulta em solo estadunidense, Martí tinha uma visão dualista do continente. “Toda essa visão martiana se apoia na ética humanista dele, ele considerava que muitos valores que regiam a sociedade estadunidense eram contraditórios”.

Toda a parte final do livro trata do projeto de identidade latino-americano de José Martí e as bases que serviram de apoio para a construção desse projeto.

O título é outra curiosidade, América para a humanidade, de acordo com Carvalho, é uma expressão que surgiu no final do século 18, em contraponto à Doutrina Monroe “América para os americanos”.