Patricia Faermann: Movimento da grande imprensa para a queda de Dilma

"A presidente abusou do direito de errar", publicou o editorial da Folha deste domingo (13). "Infinita capacidade de errar" foi a "coincidente" temática da coluna de Eliane Cantanhêde dois dias antes. Enquanto a colunista do Estadão preferiu ser direta na chamada, mas lançou alusões para endossar o coro da queda da presidente, a Folha não traçou outras opções, senão a saída de Dilma na presidência do país.

Por Patricia Faermann*, no Jornal GGN

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"Acuada e impotente, a área econômica registra o golpe dentro dos gabinetes", disse Eliane. À opinião, a jornalista somou dados como a contabilização de que a Câmara tinha, na última sexta (11), 280 dos 347 votos necessários para afastar a presidente. "Dilma parece empurrar seu governo ladeira abaixo, esforçando-se ao máximo para errar", completou.

Que a presidente Dilma teria errado foi menção mais repetida no editorial da Folha, mas com argumentos mais genéricos que o outro diário. "Em menos de dez meses de segundo mandato, [Dilma] perdeu a credibilidade e esgotou as reservas de paciência que a sociedade lhe tinha a conferir" e sugere, abstratamente, cortes como na "saúde", na "educação" e em "benefícios perdulários da Previdência".

Nos pontos de falhas econômicas, Cantanhêde cita "Orçamento de 2016 com rombo de bilhões de reais, o balão de ensaio da CPMF, a tentativa de subir o IPI, o IOF e a Cide via decreto, Levy admitindo mexer no Imposto de Renda". Ainda neste argumento, a colunista preferiu sugerir apenas que a presidente poderá "até enxugar o Minha Casa, Minha Vida", que segundo Eliane, "é o que restou do maravilhoso mundo das campanhas e vem justificando as viagens dela pelo País".

Em "crise política", a Folha contraditoriamente admite o status de "provocação e chantagem" do Congresso atual, e aos parlamentares também se dirige: "deputados e senadores não podem se eximir de suas responsabilidades, muito menos imaginar que serão preservados caso o país sucumba". Depois de brevemente traçar o cenário de gestão a que Dilma enfrenta, o jornal avisa que, "embora drásticas, tais medidas serão insuficientes para tapar o rombo orçamentário cavado pela inépcia presidencial".

Sobre as reações da população, os dois jornais também se assemelham. "Serão imensas, escusado dizer, as resistências da sociedade a iniciativas desse tipo", redunda o editorial deste domingo. A colunista do Estadão enfatizou: "políticos, empresários, estudantes, donas de casa, profissionais liberais e todo o resto tendo ataques de perplexidade ou de cólera".

Para finalizar, Cantanhêde usa uma definição, segundo ela "perfeita", do deputado Eduardo Cunha para a presidente Dilma. “É o Maquiavel às avessas”, teria dito o presidente da Câmara, que Cantanhêde explica: "Maquiavel ensinava que o mal se faz de uma vez e o bem, a conta-gotas. Dilma faz o mal a conta-gotas e o País continua aguardando para saber qual o bem que ela é capaz de fazer. Inclusive, ou principalmente, a ela própria", escreveu em referência à renúncia, sem, contudo, mencioná-la.

A Folha deste domingo já determina a sua queda, se Dilma não mudar o cenário da crise. "[O país] não tem escolha. A presidente Dilma Rousseff tampouco: não lhe restará, caso se dobre sob o peso da crise, senão abandonar suas responsabilidades presidenciais e, eventualmente, o cargo que ocupa", finaliza o jornal.