Jovens, negros e pobres são principais vítimas de chacinas em SP

As chacinas em São Paulo tem se tornado cada vez mais constantes e, em geral, as principais vítimas deste tipo de violência têm sido jovens, negros e pobres.

Protesto contra a chacina em Osasco - Reuters

A maioria das vítimas das chacinas ocorridas em São Paulo é jovem e mora na periferia. A informação é do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) e da Defensoria Pública de São Paulo. É o que destaca Rildo Marques, presidente do Conselho, em entrevista para uma série de reportagens sobre o assunto produzida pela Radioagência Nacional e publicada pela Agência Brasil.

“Parace que existe um certo estereótipo já definido por um pensamento altamente preconceituoso como se potencialmente fossem pessoas usuárias de drogas, assaltantes. Isso tem chamado muito a atenção: a padronização da vítima”.

Débora Maria da Silva, que perdeu o filho na onda violenta de maio de 2006 no estado paulista e ajudou a fundar o movimento Mães de Maio, disse, também para a matéria da Agência Brasil que as vítimas das chacinas ou da violência policial são pessoas como seu filho.

“Meu filho era pobre, preto e periférico. A gente vê que eles sabem que estão matando aqueles que não tem acesso à Justiça. Eu acho que essa segurança pública não nos representa e passou da hora de o governo federal fazer uma intervenção no estado de São Paulo, porque estão morrendo brasileiros”.

Segundo a defensora pública Daniela Skromov de Albuquerque, as vítimas ou os parentes das vítimas são pessoas “traumatizadas com as ações do Estado”.

“São pessoas já massacradas pela vida periférica que levam. E mais massacradas ainda pelo poder letal. É completamente enlouquecedor você passar uma vida ouvindo que a polícia serve para proteger, brinca de polícia e bandido, paga os impostos e, de repente, o imposto que você paga financiou a bala que matou o seu filho. Ou as balas, porque são várias”