Rasmussen, da Dinamarca, destrói campanha por asilo a Snowden

O primeiro-ministro dinamarquês Lars Lokke Rasmussen descartou nesta quarta-feira (4) a possibilidade de oferecer asilo político ao ex-informante da NSA, Edward Snowden, após uma campanha pela realização de uma votação no país sobre o assunto.

Edward Snowden

Na sequência da decisão tomada na semana passada pelo Parlamento Europeu de aprovar uma resolução exortando os Estados-membros da União Europeia a conceder proteção a Snowden na qualidade de "defensor dos direitos humanos", dois partidos políticos dinamarqueses menores – “Alternativa” e “Aliança Vermelha-Verde” – propuseram uma votação no parlamento dinamarquês para decidir se a Dinamarca deveria oferecer asilo ao norte-americano atualmente asilado na Rússia.

No entanto, quando perguntado sobre o assunto no parlamento, Rasmussen, do partido de centro-direita Venstre, disse não acreditar haver qualquer fundamento para a Dinamarca se envolver no assunto.

"Eu tenho muita dificuldade em ver qual seria o raciocínio para o parlamento aprovar uma lei especial dando o passo extraordinário de oferecer anistia política a um cidadão norte-americano na Dinamarca", disse ele.

Snowden é acusado pelos EUA de vazar informações secretas do governo que revelaram ao mundo detalhes de um projeto de vigilância global da NSA. Em agosto de 2013, ele recebeu asilo de Moscou.

"Ele [Snowden] é procurado por uma série de violações legais […] e os EUA são um Estado de direito democrático", alegou o premiê dinamarquês.

O fato de nenhum dos partidos principais da Dinamarca apoiar uma votação sobre o asilo a Snowden torna a ideia altamente improvável.

Rasmussen disse ainda que "tem fé na caçada de Washington" contra o ex-agente, apesar das muitas críticas públicas e da recente recomendação do Parlamento Europeu.

"Trata-se de saber se você tem confiança de que as autoridades norte-americanas podem lidar com isso de uma maneira que respeite os direitos humanos e que dê a ele [Snowden] um julgamento justo; e eu nasci com a suposição de que elas podem", acrescentou o primeiro-ministro.

Muitos ativistas de direitos civis, porém, supõem que os países ocidentais foram “advertidos” a não oferecer proteção ao ex-agente da NSA, devido à pressão das autoridades dos EUA.

Apesar da oposição do establishment político, entretanto, a maioria dos políticos do Parlamento Europeu votou a favor de uma resolução exortando os Estados-membros ao contrário – cenário que o próprio Snowden descreveu como uma "virada de jogo" e uma "oportunidade de seguir em frente".