Desigualdades de gênero e racial caem em uma década, diz IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou nesta sexta-feira (4) dados da Síntese de Indicadores Sociais. O levantamento reúne amplas informações sobre as condições de vida da população brasileira, analisando os temas: aspectos demográficos, grupos sociodemográficos (crianças e adolescentes, jovens, idosos e famílias), educação, trabalho, distribuição de renda e domicílios.

Desigualdades de gênero e racial cai no Brasil

O destaque positivo da mostra de 2015 é que as desigualdades de gênero e racial diminuíram em uma década. "A situação das mulheres na sociedade brasileira melhorou nos últimos dez anos, embora as desigualdades em relação aos homens permanecem significativas".

Diferença de 5 horas semanais

Apesar de a jornada semanal dedicada aos afazeres domésticos pelas mulheres ter reduzido de 22,3 horas para 21,2 horas semanais, elas acumulam 5 horas semanais a mais na jornada total de trabalho em relação aos homens.

Segundo o IBGE, essa situação ocorre porque a jornada no mercado de trabalho das mulheres se manteve em 35,5 horas semanais, enquanto essa jornada para os homens passou de 44,0 para 41,6 horas semanais, sendo que eles mantiveram 10 horas semanais dedicadas aos afazeres domésticos (menos da metade da feminina). Ainda assim, pôde-se observar um aumento no percetual de homens ocupados que realizaram afazeres domésticos e de cuidados, passando de 46,1% em 2004 para 51,3% de 2014.

Esse percentual para mulheres ocupadas em 2014, era de 90,7%, quadro semelhante ao de 2004 (91,3%). Embora tenha havido uma redução de 10,9% na desocupação feminina entre 2004 e 2014, as mulheres continuam sendo o segundo grupo populacional com a maior taxa de desocupação (8,7%), abaixo apenas dos jovens (16,6%). As mulheres jovens que encontram maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho, sendo que uma em cada cinco jovens está desocupada (20,8%).

Diminui desigualdade de renda entre homens e mulheres

Em relação ao rendimento, o estudo revela que houve diminuição da desigualdade de gênero na década. Em 2004, as mulheres ocupadas recebiam, em média, 70,0% do rendimento dos homens. Em 2014, essa relação passou para 74,0%. A maior diferença foi evidenciada entre mulheres em trabalhos informais, que recebiam em média 50% do rendimento daquelas em trabalhos formais. Entre os homens na mesma condição, a relação era de quase 60,0%.

Desigualdade racial também diminui nos últimos 10 anos

Mesmo com a população preta ou parda ultrapassando a metade do total de residentes no Brasil desde 2008 (50,6%), as desigualdades raciais também foram evidenciadas pela SIS. No que tange à educação, por exemplo, a proporção dos estudantes de 18 a 24 anos pretos ou pardos que cursavam o ensino superior em 2014 era de 45,5%, contra 16,7% em 2004. Entre os brancos, essa relação passou de 47,2% para 71,4%. Ou seja, o percentual de pretos e pardos no ensino superior em 2014 ainda era menor do que o de brancos no ensino superior dez anos antes. Já entre os jovens de 15 a 29 anos que não trabalhavam nem estudavam, 62,9% eram pretos ou pardos.

Entre os casais, cresce participação das mulheres como pessoa de referência

O total de arranjos familiares e unipessoais passou de 56,4 milhões em 2004 para 70,2 milhões em 2014. O arranjo familiar com parentesco mais comum foi o composto por casal com filhos, mas houve diminuição desse indicador: de 51,0% em 2004 para 42,9% em 2014. O arranjo formado por casal sem filhos se tornou o segundo em participação (de 14,7% para 19,9%), enquanto a proporção de arranjos formados por mulher sem cônjuge e com filhos perdeu representatividade (de 18,3% para 16,3%). No mesmo período, a participação percentual dos arranjos unipessoais aumentou de 10,0% para 14,4%.

Nos arranjos compostos por casal com filhos, diminuiu a proporção daqueles que tinham o homem como pessoa de referência, em relação ao total de arranjos com filhos, passando de 67,7% em 2004 para 54,9% em 2014, e aumentou para aqueles em que a mulher era indicada como a pessoa de referência, variando de 3,6% em 2004 para 15,1% em 2014. Este aumento relativo de arranjos em que a mulher era a pessoa de referência também foi notado nos arranjos formados por casal sem filhos residentes (3,4% em 2004 para 10,9% em 2014).