Banco Central vê avanços no controle da inflação
O Banco Central sinaliza que foram registrados avanços no combate à inflação, mas ainda existem riscos no processo de combate à alta dos preços, segundo avaliação do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) na ata da última reunião. Na ocasião, o colegiado manteve a taxa Selic em 14,25% ao ano, pela sexta vez consecutiva.
Publicado 05/05/2016 16:06
Um dos riscos apontados pela autoridade monetária está relacionado ao processo de recuperação das contas públicas e sua composição. O comitê ressalta que indefinições e alterações significativas na trajetória de geração de resultados primários (receitas menos despesas, excluídos gastos com juros) contribuem para gerar uma percepção negativa sobre a economia brasileira e impactam negativamente as expectativas de inflação.
"O Copom reitera que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias anunciadas para as variáveis fiscais. Relativamente ao resultado fiscal estrutural e a depender do ciclo econômico, o Comitê pondera que o balanço do setor público encontra-se em zona expansionista", diz o comunicado.
"O Comitê ressalta que indefinições e alterações significativas na trajetória de geração de resultados primários, bem como na sua composição, impactam as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação e contribuem para acentuar a percepção negativa sobre o ambiente macroeconômico, além de impactarem negativamente as expectativas de inflação. Sobre o combate à inflação, o Comitê destaca que a literatura e as melhores práticas internacionais recomendam um desenho de política fiscal consistente e sustentável, de modo a permitir que as ações de política monetária sejam plenamente transmitidas aos preços".
O colegiado também destacou que o cenário central para seus prognósticos considera moderação no crédito, o que deve continuar. "A esse respeito, importa destacar que, após anos em forte expansão, o mercado de crédito voltado ao consumo passou por moderação, de modo que, nos últimos trimestres, observaram-se, de um lado, redução de exposição por parte de bancos e, de outro, desalavancagem das famílias. No agregado, portanto, infere-se que os riscos no segmento de crédito ao consumo vêm sendo mitigados. Em outra dimensão, a exemplo de ações implementadas, o Comitê considera oportuno continuar reforçando as iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito".
Segundo o documento, serão adotadas "medidas necessárias" para que a inflação siga dentro do limite superior da meta este ano, 6,5%, e para fazer convergir para o centro da meta de 4,5%, em 2017. Neste contexto, o comitê reiterou que não existe espaço para redução da taxa básica de juros. Depois de quatro meses com taxa de dois dígitos, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltou a fechar o acumulado de 12 meses em um dígito. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA fechou os 12 meses encerrados em março em 9,39%, depois de ter fechado fevereiro em 10,36%.
Quanto ao cenário internacional, a ata explica que o ambiente externo permanece especialmente complexo. Entretanto, em que pese a ocorrência de episódios de maior volatilidade afetando importantes economias emergentes, o Comitê identifica, ainda, baixa probabilidade de ocorrência de eventos extremos nos mercados financeiros internacionais.
"Para o Comitê, a atividade global mostra tendência de maior moderação ao longo do horizonte relevante para a política monetária. As perspectivas recentes indicam modesta recuperação da atividade nas economias maduras, enquanto importantes economias emergentes experimentam período de transição. Nesse contexto, de redução no ritmo de atividade, destaca-se a continuada preocupação com a economia chinesa e seus desdobramentos para outras economias", ressalta o documento.