Estamos lutando pela preservação da democracia, diz Cardozo

Em entrevista ao Brasil 247, o ministro da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou que a presidenta Dilma Rousseff se mantém firme e serena, ciente do processo que está em curso no Brasil, que consiste em agressão à democracia, violação das regras constitucionais e assalto ao poder por forças derrotadas nas eleições.

Cardozo AGU

"Não estamos lutando por um mandato presidencial apenas, mas pela preservação da democracia, que foi duramente conquistada pela sociedade brasileira", disse o ministro.

Cardozo fez duras críticas à postura do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que ao comentar a anulação de votação do impeachment da Câmara dos Deputados por Waldir Maranhão (PP-MA), classificou como “Operação Tabajara”.

"No Brasil de hoje, alguns tratam o direito de defesa como Operação Tabajara e um golpe como democracia", afirmou Cardozo.

O ministro relata que procurou Maranhão para que ele decidisse sobre um recurso apresentado pela AGU, dentro do prazo legal, contra alguns procedimentos adotados nas sessões em que o impeachment foi votado na Câmara. Essa decisão vinha sendo cobrada pela própria comissão especial do Senado, presidida por Raimundo Lira (PMDB-PB) – o que, segundo Cardozo, derruba a tese do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL) de que a decisão foi intempestiva.

"Como pode ser intempestiva uma decisão sobre um recurso apresentado no prazo e que ainda não havia sido julgado?", indaga Cardozo.

O ministro lembra, ainda, que, em nota divulgada nesta segunda, o próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), admitiu não ter assinado a decisão relativa ao recurso – o que prova que ela não foi intempestiva (leia mais aqui).

Como Maranhão recuou, a questão se torna agora kafkiana. O recurso continua pendente de apreciação por parte da Câmara, porque Maranhão revogou sua decisão, mas não decidiu em direção contrária. Ou seja: há um limbo jurídico e o golpe pode vir a ser consumado com mais um atropelo sobre o direito de defesa. Segundo o ministro, Maranhão só voltou atrás ao ser coagido pelos parlamentares.

"Ele sofreu ameaça de expulsão do partido e de cassação sumária apenas porque tomou uma decisão compatível com as prerrogativas do cargo que exerce", salientou o ministro.