Parada LGBT em SP reivindica direitos e chama fora Temer

Assim como foi a virada cultural de São Paulo, a Parada Gay paulista, um dos maiores eventos voltado para o seguimento LGBT do Brasil, foi um grande ato "Fora Temer" reunindo milhares de pessoas neste domingo (29) para dizer não ao momento que o país vive de intenso retrocesso aos direitos humanos e perseguição às minorias, reflexo de um golpe de estado imposto pela direita conservadora.

Parada LGBT em SP reivindica direitos e fora Temer

Durante a parada diversos manifestantes contrários ao governo ilegítimo de Michel Temer aproveitaram para fazer dizer não ao golpe. Eles distribuíram panfletos e fizeram intervenções. Em diversos momentos entoaram o coro com palavras de ordem pedindo a saída do interino. Além da conjuntura política, o estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro também motivou os protestos.

Com o tema Lei de Identidade de Gênero Já! Todas as pessoas contra a transfobia, a parada desenvolveu a ideia de dar visibilidade ao segmento T, ou seja, travestis, mulheres e homens transexuais, com foco na luta pelos direitos civis e por menos preconceito da sociedade. Os trios saíram da Paulista no sentido Rua da Consolação. O show de encerramento ocorreu no Vale do Anhangabaú.

Daniela Marquezine, que é transexual e participa da parada há cinco anos, contou que este é seu primeiro ano desfilando no trio das transexuais. Para ela, o tema tem importância especial, devido ao número alto de transexuais que morrem por preconceito.

“Queremos lutar contra isso mostrando para a sociedade que somos seres humanos e temos nossos direitos e lugar na sociedade. Não queremos nada além do nosso espaço. Queremos mudar a imagem de que a transexual e a travesti são objetos sexuais, pois temos capacidade para muitas coisas”.

Para a recepcionista Atena Joy, o Brasil é atrasado para lidar com as questões do segmento transexuais, porque é o país onde há mais assassinatos dessas pessoas, e ela destaca a necessidade urgente da aprovação de uma lei de identidade de gênero.

“A sociedade é induzida a acreditar que nós vamos contaminar os filhos deles e que somos uma ameaça. Mas as pessoas já nascem assim. Precisamos da lei para pararmos de morrer nas esquinas. Queremos ter o direito à cidadania, que é o mínimo. O Brasil precisa mudar essa mentalidade machista e misógina”.

Angela Moisés foi uma das mães que ocupou o trio Mães pela Diversidade, o terceiro a desfilar. Com ela, outras mães desfilaram para chamar a atenção das famílias e da sociedade para a necessidade de aceitação da comunidade LGBT. Uma de suas filhas, homossexual, chegou a ser apedrejada na rua aos 16 anos.

“Nós entendemos que temos que botar a cara no sol e sair do armário com nossos filhos e filhas. Mostrar que não são filhos de chocadeira, que têm mãe, pai, irmãos. Queremos o fim da LGBT fobia, direitos iguais para nossos filhos, o fim de uma bancada fundamentalista que tenta dizer para o Brasil que família é só homem e mulher, porque família é amor”.


O presidente da UNA- LGBT, Andrey Lemos fez uma fala durante a parada LGBT, confira o vídeo:


A advogada Dayse Cristina Eastwood tem uma filha homossexual que é bem recebida no seu meio e tem uma carreira consolidada como executiva de uma multinacional. Mesmo assim, ela decidiu apoiar a luta LGBT em nome dos filhos de outras mães, que ainda não conseguiram essa afirmação.

“Nossos filhos saem na rua e não sabemos se eles vão voltar. Minha filha tem a mulher dela, mas elas não andam de mãos dadas porque têm medo de agressão. A maior preocupação das mães hoje eu creio que seja essa”. Segundo ela, entre as letras LGBT, o segmento transexuais é o que tem maior dificuldade para estudar, conseguir emprego, e por isso existe a luta.

Dilma denuncia ataque aos direitos LGBT 

A presidenta Dilma alertou neste domingo (29) sobre a importância de dizer não ao retrocesso imposto por setores conservadores: 

"Em abril, assinei decreto autorizando o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de travestis e transexuais no serviço público. Vale destacar que o ‪#‎SUS‬ foi pioneiro em reconhecer o nome social, garantindo dignidade e inclusão a todos e todas. É uma forma de tirar essas pessoas do processo de exclusão da educação, do trabalho, da vida social, enfim, das políticas públicas.

Um dos ministros do governo provisório pretende derrubar o decreto, tendo assinado Projeto de Sustação de Atos do Poder Executivo.

É preciso estar atento e seguir na luta pela democracia, pelas conquistas sociais e pelos direitos das minorais. Que a batalha contra todas as formas de intolerância e preconceito se estenda além da Parada LGBT. Essa é uma tarefa constante e de todos", afirmou nas redes sociais.

A parada LGBT de São Paulo, o maior evento desse seguimento no mundo, entrou nesse ano no calendário oficial da prefeitura da cidade.