Antes de tentar salvar Cunha, relator acertou indicação com Temer

De acordo com informação publicada pelo jornal Folha de S. Paulo nesta quarta-feira (6), o relator do recurso de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF) acertou com Michel Temer (PMDB) a indicação para a Direção Geral do Arquivo Nacional de José Ricardo Marques antes de propor que seja feita uma nova votação, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, do processo que decidiu pela cassação do mandato de Cunha.

Fonseca relator no CCJ do processo de Cunha - Agência Câmara

Fonseca, que é considerado como aliado de Cunha, guardou seu relatório a sete chaves. Ele argumentou que o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), autor do relatório que pediu a cassação de Cunha por ter mentido sobre as contas na Suíça, não poderia ter relatado o caso por ser de um partido que integra o mesmo bloco que o PMDB. Ele defendeu também que Cunha deveria ser ouvido antes da votação no Conselho de Ética.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), líder da minoria na Câmara, as manobras do presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR), são para atrasar a votação do processo no plenário, pois há um “conluio” para aprofundar a corrupção no Brasil.

“Os corruptos que estão no governo, articulados aqui dentro [do Congresso Nacional] tentam manobrar para que o combate à corrupção não ande e que Eduardo Cunha tenha protelado o seu processo de cassação”, afirmou a deputada.

“Esse golpe nada tem de ético. Tem cara, jeito e agenda. E sabemos que a agenda de retirada de direitos e desnacionalização da nossa economia é a agenda que eles querem acelerar. Vender o pré-sal, votar a PEC do teto para inviabilizar as políticas públicas e de trabalho e Previdência, e ao mesmo tempo manter os corruptos mandando neste país”, completou Jandira Feghali.

O deputado federal Valmir Prascidelli (PT-SP), que também integra a CCJ e o Conselho de Ética, concorda que as manobras fazem parte da tentativa de anular o processo contra Cunha no Conselho de Ética.

“A votação [contra Cunha] respeitou os princípios da transparência e da democracia”, disse Prascidelli. “A verdade é que Cunha e seus aliados tentam protelar, ganhar tempo para que a votação em Plenário, que pode decidir pela cassação de Cunha, fique para depois do recesso parlamentar.”