Direção da EBC demite Leda Nagle alegando falta de dinheiro

“O incorreto foi terem ficado dois meses me cozinhando, dizendo que estava tudo certo. Eles tinham todo o direito de me demitir, de não renovarem o contrato, mas tinham que ter sido honestos e não foram. Falar isso na hora de assinar, achei muito deselegante”, falou”, declarou ao site Ego a jornalista, que há 20 anos apresenta o programa de entrevistas Sem Censura.

Leda Nagle

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) passa por um processo de desfiguração do perfil de empresa pública de televisão. Através da Medida Provisória (MP) 744/2016, Michel Temer ao assumir a presidência alterou o estatuto da empresa provocando a demissão do diretor-presidente Ricardo melo. Para o lugar de Melo, Temer nomeou Laerte Rimoli, jornalista que coordenou a campanha de Aécio Neves em 2014 e assessorou a Câmara dos Deputados sob o comando de Eduardo Cunha.

A apresentadora que atua há 40 anos na televisão afirmou ao Ego que ficou “perplexa com a falta de caráter” da gestão da EBC. Leda informou que há dois meses procurou a direção, que garantiu a ela que não haveria problemas na renovação do contrato. Nesta quarta-feira (7), a conversa mudou de figura. O motivo alegado foi falta de dinheiro para manter o programa. 
Leda chamou a justificativa da direção de “desculpa esfarrapada”. “Não houve nenhuma proposta de redução do valor do contrato, nenhuma tentativa de composição, nem nas reuniões anteriores nem a uma hora da tarde de ontem, quando Laerte Rimoli me demitiu. Foi assim. Foi muito feio. Fiquei e estou muito triste. Mas vida que segue. Sou uma mineira guerreira. Bola pra frente, com certeza. Se Deus quiser”, afirmou.
Nesta terça-feira foi apresentado relatório elaborado pelo senador Lasier Martins (PDT/RS), que analisa a MP 744. Representantes do movimento pela democratização da comunicação criticaram o parecer que, entre outros aspectos, menciona “métodos para elevar os índices de audiência da EBC”.