MPF: Geddel e Cunha formavam "quadrilha" que cobrava propina

O relatório do Ministério Público Federal sobre a operação Cui Bono? indica que o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, ambos do PMDB, formavam uma "quadrilha" que atuavam na Caixa Econômica Federal, obtendo vantagens indevidas de empresários que conseguiam linha de crédito junto ao banco.

Ação da PF investiga corrupção na Caixa por atuação de Geddel e Cunha

Segundo reportagem da Folha desta sexta (13), Geddel é acusado pelo procuradores de ter praticado corrupção passiva enquanto ocupava o cargo de vice-presidente jurídico da Caixa no governo de Dilma. Ele agia de "forma orquestrada" para beneficiar empresas, diz o relatório.

A operação surgiu após a Lava Jato encontrar na casa de Cunha, em dezembro de 2015, um celular que continha conversas com Geddel.

"(…) os diálogos não deixam dúvidas de que Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha buscavam contrapartidas indevidas junto às diversas empresas mencionadas ao longo da representação, visando à liberação de créditos que estavam sob a gestão da Vice-Presidência de Geddel".

Também fazem parte do esquema, segundo a investigação, empresários e dirigentes de empresas dos ramos de frigoríficos, de concessionárias de administração de rodovias, de empreendimentos imobiliários, além de Lúcio Bolonha Funaro, operador do mercado financeiro. Os investigadores suspeitam que o grupo tenha praticado crimes de corrupção, quadrilha e lavagem de dinheiro, diz o jornal.

A investigação corria no Supremo Tribunal Federal, mas quando Geddel perdeu o cargo de ministro do governo Temer, o caso passou a tramitar na primeira instância. Foi o juízo da 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal que permitiu operações de busca e apreensão em duas moradias de Geddel na Bahia, nesta sexta (13).

Geddel deixou o governo após o escânfalo Calero. O ex-ministro da Cultura pediu demissão após informar à imprensa que era pressionado por Geddel a liberar uma obra residencial de seu interesse em Salvador, numa área considerada patrimônio histórico. Temer, à época, admitiu que "arbitrou o conflito" em favor de Geddel.