A extinção em massa da indústria

Setores essenciais têm sido destruídos em nome do seletivo combate à corrupção. Os estrangeiros agradecem.

Por Adalberto Paulo Klock*

Indústria leve

Anteriormente havia escrito a respeito das extinções em massa no Rio Grande do Sul: moinhos, cervejarias e fábricas de computadores. O fato relevante nessas extinções é terem ocorrido em períodos conturbados democraticamente, e sempre contra a vontade popular, praticadas ou por agente ditatoriais (período da ditadura) ou por políticos não comprometidos com a sociedade. A última foi no governo Antonio Britto (computadores).

Em todos os casos, os interesses defendidos foram notoriamente alheios ao Estado e ao povo. No âmbito nacional, a ditadura de 1964 destruiu nossas indústrias. Nada de automóveis tínhamos a FNM, a Vemag e outras. Na construção naval, chegamos a ser a terceira indústria do mundo. Na aviação, tínhamos a Panair, empresa múltipla perseguida e destruída por ter apoiado João Goulart.

O golpe de 1964 também destruiu as indústrias cervejeiras para beneficiar as entrantes Brahma e Antártica. No fim, arrasou as indústrias brasileiras e entregou esses setores para corporações estrangeiras.

O que ocorre atualmente? Com o golpe de 2016, iniciado no fim de 2014, o Brasil novamente arruína suas indústrias por interesses alheios. Em nome do falso combate à corrupção e as marchas dos “homens de bem do Brasil”, aqueles de camisetas amarelas da Seleção, conseguiram novamente quebrar as grandes indústrias. Primeira vítima, a indústria naval, que se tornara novamente pujante e importante, e fonte de renda, emprego e riqueza.

Aniquilada pelo golpe atual, ou no dito por um pernambucano em Recife (“Nada mudou no porto de Suape, antes eram indústrias nacionais, agora são estrangeiras”). A segunda vítima: a indústria da construção civil, com empresas nacionais de abrangência mundial e tecnologia de ponta, tecnologia cobiçada por nações estrangeiras, como a exploração em águas profundas, a tecnologia de centrífugas nucleares, desenvolvidas pelo almirante Othon Pinheiro, que teve infinitas propostas de venda ao exterior, especialmente dos norte-americanos, e não o fez por patriotismo. Hoje amarga seu patriotismo preso em Curitiba e sua tecnologia dada de graça ao estrangeiro indiretamente pela operação Lava Jato.

A terceira vítima: a indústria petrolífera nacional, e toda sua riqueza do pré-sal. Tanto atacada que acabou por ruir e hoje é dada de presente às empresas estrangeiras. Recordem que antes do golpe era 75% para a educação e 25% para a saúde. Agora será 100% estrangeiro.

A quarta e mais atual vítima: a indústria do agronegócio. Esta sofreu o ataque mais violento. A Polícia Federal investigou praticamente todas as plantas frigoríficas para chegar a 21 unidades de 4.837 (menos de 0,5% do total) e 33 servidores de 11 mil (0,3% do total). Ou seja, após dois anos de investigações, 99,5% das unidades frigoríficas estão dentro dos padrões de segurança e 99,7% dos servidores do Ministério da Agricultura não cometeram nenhuma irregularidade.

Fizeram, porém, um estardalhaço que destruiu décadas de conquista internacionais do setor do agronegócio. E agora aparecem indícios de ter a Polícia Federal pervertido e adulterado o sentido de várias conversas e de ter turbinado algumas provas com o único intuito de produzir o fato mesmo sem elementos.

Poucos países do mundo produzem carne de qualidade, com boi alimentado a pasto. O Brasil havia se tornado o grande exportador de carne do mundo, e agora terá o setor arruinado pela irresponsabilidade de alguns agentes da Polícia Federal, curiosamente de novo de Curitiba, que não medem consequências para agradar seus patrões e a grande mídia, e não o povo. Assim, quem defendeu o golpe de 2016, defendeu o Brasil escravo e vassalo dos interesses estrangeiros, defendeu, no fim das contas, a destruição das indústrias e da economia nacional e a servidão das nossas futuras gerações ao poderio econômico do mundo. É muito triste.