Aécio é destituído da presidência do PSDB e legenda sai do governo

Líder do golpe e paladino do combate à corrupção, o senador Aécio Neves foi destituído da presidência do PSDB depois que ele foi flagrado em gravação feita pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, pedindo e recebendo R$ 2 milhões em propina. A substituição será anunciada assim que o senador mineiro renunciar oficialmente ao cargo.

Por Dayane Santos

Temer Cunha Lima e Aécio - Fabio Rodrigues Agência Brasil

A legenda também disse que aguardará o áudio da gravação do presidente Michel Temer comprando o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha para anunciar o rompimento com o governo.

Mas o ministro das Cidades, Bruno Araújo, anunciou a sua saída do governo. Os ministros tucanos já estariam de acordo com a decisão de abandonar os cargos e devem fazer isso nas próximas horas, o que representa um grande baque para o governo, já que o PSDB, e particularmente Aécio, sustentou o golpe contra Dilma e garantia o governo no Congresso Nacional.

Para o lugar de Aécio, foi cogitado o deputado Carlos Sampaio (SP), aliado de Aécio, mas a legenda decidiu anunciar o senador Tasso Jereissati (CE) como seu presidente interino.

Senadores do PSDB estão reunidos para discutir o desembarque do partido do governo Temer, com a entrega imediata dos quatro ministérios que comanda no governo Temer. Além dos senadores, quatro governadores participam da reunião por meio de conferência telefônica.

O secretário de governo de Michel Temer, Antonio Imbassahy (PSDB-BA) deve se reunir com os senadores para definir o desembargo do governo.

A revelação do flagrante contra o tucano ganha contorno quando analisamos os fatos revelados nesta quarta (17) com o conteúdo da conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em conversa com o ministro do Planejamento, Romero Jucá, divulgada pouco antes da aprovação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em março do ano passado.

“Todo mundo na bandeja para ser comido", disse Jucá. "O primeiro a ser comido vai ser o Aécio”, completou Machado. “O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…”, completou.

Em outra conversa também gravada com o senador Renan Calheiros, Machado diz que "o PSDB pensava que não [seria atingido pela operação], mas o Aécio agora sabe". Segundo Machado, "Aécio é vulnerabilíssimo".

Machado foi filiado ao PSDB por dez anos, período em que chegou a se eleger senador e virar líder da sigla no Senado. Posteriormente se filiou ao PMDB e, há pelo menos 20 anos, mantinha uma relação de proximidade com a cúpula do partido que chegou à Presidência da República após o afastamento temporário de Dilma Rousseff com a abertura do processo de impeachment no Senado.

Aécio é alvo de seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal. Em um dos inquéritos, o procurador-geral da República pede para investigar o parlamentar pelas suspeitas de que ele recebia propina em contratos de uma diretoria da estatal Furnas indicada por ele.