Lula aponta farsa das agendas: Conluio da Lava Jato com a mídia

Em nota divulgada nesta quinta-feira (25), o Instituto Lula denuncia o que classifica de “conluio” entre procuradores da Lava Jato e o consórcio da grande mídia na produção de “mais uma farsa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. A nota rebate as “novas provas” apresentadas pelos procuradores na denúncia sobre o sítio em Atibaia que acusam ser do ex-presidente Lula.

Lula em audiência com Moro - Reprodução

“Em conluio com procuradores da Lava Jato em Curitiba, a Rede Globo, a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo produziram semana passada mais uma farsa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agendas de ex-diretores da Petrobras, anexadas pelos procuradores à ação sobre o tríplex do Guarujá, foram manipuladas pela imprensa de forma a apontar uma falsa contradição no depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro”, denuncia um trecho da nota.

De acordo com Lula, os tais documentos sobre supostas “reuniões” com a diretoria da Petrobras “não foi fruto da descoberta de algum segredo em um trabalho de investigação sério, mas uma tentativa tosca de reescrever a história e criminalizar atos como viagens oficiais ao exterior, reuniões interministeriais e cerimônias da Presidência acompanhadas pela imprensa”.

“Uma irresponsabilidade que atenta contra o papel institucional do Ministério Público em uma democracia. Parece que para a equipe de Deltan Dallagnol, o crime de Lula foi ter sido presidente da República. E a mesma imprensa que acompanhou e divulgou essas agendas durante os dois mandatos de Lula, agora dá manchetes sem checar nem mesmo seus próprios arquivos”, enfatiza.

A nota classifica a ação como “fraude” que começou a ser montada em 15 de maio, cinco dias depois do depoimento de Lula. “Naquela data, os procuradores anexaram 78 documentos aos autos, sem explicitar o propósito. 27 destes documentos são cópias de agendas de ex-diretores, registrando ‘reuniões’, ‘almoços’ e ‘jantares’ com Lula. As cópias de agendas foram entregues pela Petrobras aos acusadores de Lula, mas não à sua defesa”, denuncia.

A nota aponta que a manchete da Folha de S. Paulo, de 17 de maio – “Lava Jato contraria com documentos fala de Lula a Moro” –, dizia que as agendas mostrariam que Lula não teve apenas duas reuniões com a diretoria da Petrobras em seu governo, como ele havia declarado a Moro, mas pelo menos 23.

Já o Estadão citou as “reuniões de Lula” com três ex-diretores condenados na Lava Jato. E o Jornal Nacional juntou as duas coisas, elevou para 28 as supostas “reuniões” e ainda citou o Ministério Público como fonte de suas ilações, numa reportagem de três minutos.

“A farsa desmorona quando se compara o que está escrito nas agendas da Petrobras e o que Lula realmente fez nas datas indicadas. Por exemplo: das 27 agendas, três se referem a recepções oferecidas por chefes de Estado a Lula e sua comitiva, em viagens internacionais: uma pelo presidente da China Hu Jintao, outra pelo rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdul Aziz, e outra pela presidenta do Chile, Michelle Bachelet”, desmonta a nota.

E segue: “Pelo menos 14 agendas referem-se à participação de ex-diretores em cerimônias públicas nas quais Lula estava presente, em inaugurações, visitas a instalações da Petrobras ou em reuniões interministeriais, como as do Conselho Nacional de Política Energética. Não se tratam, portanto, de reuniões com a diretoria da Petrobras, muito menos de agendas com diretores específicos. E tudo realizado com cobertura da mídia”.

De acordo com o Instituto, para verificar a veracidade das agendas, basta conferir as datas mencionadas com a agenda de viagens nacionais e internacionais do ex-presidente Lula, que está disponível no site da Presidência da República.

“As agendas da Petrobras mencionam duas supostas reuniões do delator Paulo Roberto Costa em Brasília, que não podem ser confirmadas porque o atual governo retirou do site da Presidência as agendas diárias de Lula. Mas o próprio delator afirmou, em dois depoimentos ao juiz Sergio Moro, um deles feito ontem (24), que nunca teve reuniões individuais com o ex-presidente Lula”, frisa.

A nota ainda afirma que Paulo Roberto da Costa fez essa declaração como testemunha em vários depoimentos, “mas a imprensa ignorou este fato para sustentar a farsa das agendas”.

“Não há dúvida de que as agendas foram plantadas no processo para desqualificar o depoimento de Lula em 10 de maio, o que nem mesmo seus maiores adversários conseguiram fazer. Uma imprensa imparcial ao menos teria checado os fatos antes de publicá-los sob o viés dos detratores de Lula. E não precisaria se esforçar tanto, pois boa parte dessas agendas foi noticiada pelos próprios jornais, como está registrado neste documento”, repudia.